Resumo

Introdução: A síndrome da apneia obstrutiva do sono é um distúrbio respiratório relacionado com o sono. Esta síndrome tem ganho importância devido ao aumento da sua prevalência no século XXI. O seu quadro clínico, fisiopatologia, achados polissonográficos e tratamento em idade pediátrica difere significativamente do adulto. Estudos mostram uma grande variabilidade no nível de conhecimento entre clínicos. Com um diagnóstico frequentemente tardio ou negligenciado, a situação pode tornar-se particularmente crítica em idades precoces. O objetivo deste trabalho é fazer uma revisão narrativa da literatura sobre a síndrome da apneia obstrutiva do sono em crianças, com foco no papel do ortodontista. Métodos: A presente revisão da literatura foi elaborada mediante uma pesquisa nas bases de dados eletrónicas Pubmed e Lilacs, utilizando as palavras chave “OSAS in children “ AND “orthodontics”. A pesquisa foi feita em Março de 2024, restringindo-se a artigos de língua inglesa, portuguesa e espanhola, sem limite temporal. A seleção dos artigos foi realizada com base no nível de evidência científica, dando relevo a meta-análises, revisões sistemáticas e ensaios clínicos randomizados. Resultados: Dos 86 artigos publicados foram selecionados 22 por cumprirem os critérios de inclusão definidos e apresentarem relevância científica para o objetivo desta revisão. Conclusões: A síndrome da apneia obstrutiva do sono é diagnosticado pela anamnese, aplicação de questionários validados, exame clínico, radiológico e fotográfico, sendo a polissonografia o exame padrão-referência. A intervenção precoce pode mudar o curso natural da doença, melhorando o bem-estar da criança e reduzindo o risco de complicações a longo prazo (metabólicas, neurocognitivas, cardiovasculares, comportamentais). No entanto, há necessidade de estudos adicionais, com elevado nível de evidência científica, nomeadamente sobre a abordagem ortodôntica com expansão rápida da maxila e propulsão mandibular. Implicação clínica: Sendo uma condição multifatorial, a abordagem terapêutica deve ser encarada em contexto multidisciplinar, tendo em conta a etiopatogenia, gravidade do caso e a presença de comorbilidades. O ortodontista tem um papel fundamental no restabelecimento da forma e consequentemente da função da cavidade oral (respiração, fonação, mastigação e deglutição), sendo recomendada uma reavaliação periódica.