Revista Portuguesa de Estomatologia, Medicina Dentária e Cirurgia Maxilofacial
XLV Congresso Anual da Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentária (SPEMD) Figueira da Foz, 9 a 11 de outubro de 2025 | 2025 | 66 (S1) | Page(s) 84
Investigação Original
#093 Literacia parental sobre anquiloglossia e implicações para o desenvolvimento infantil
a Área da Medicina Dentária, Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, Coimbra, Portugal
Article Info
Rev Port Estomatol Med Dent Cir Maxilofac
Volume - 66
Supplement - S1
Investigação Original
Pages - 84
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Article History
Received on 09/10/2025
Accepted on 09/10/2025
Available Online on 09/10/2025
Keywords
Resumo
Objetivos: Avaliar o conhecimento dos pais e representantes legais portugueses sobre a anquiloglossia e como esta pode afetar o desenvolvimento infantil. Materiais e métodos: Durante o mês de março de 2025, foi distribuído um questionário de escolha múltipla, dividido em seis secções, baseado num estudo anterior realizado na Austrália, para avaliar o conhecimento dos pais portugueses sobre a anquiloglossia. Os participantes elegíveis para o estudo eram pais/representantes legais portugueses de crianças entre os 0 e os 18 anos, independentemente da existência de diagnóstico de anquiloglossia. Foram excluídas crianças institucionalizadas, que viveram fora de Portugal nos primeiros dois anos de vida ou que apresentavam determinadas condições médicas. A recolha de dados foi feita presencialmente nas aulas clínicas de Odontopediatria da Universidade de Coimbra e também online, na plataforma Google Forms. Os dados foram analisados através de estatísticas descritivas, utilizando o Teste Exato de Fisher com simulações de Monte Carlo. Os valores-p apresentados foram calculados com um nível de significância bilateral de 0,05. Resultados: Foram recolhidas 259 respostas, maioritariamente da região Centro de Portugal (76.1% ). Mais de metade dos participantes (58.7%) estavam familiarizados com o termo ´anquiloglossia”, associando-o principalmente a problemas na fala (91.4%), mastigação (70.8%) e amamentação (66.1%). A principal fonte de informação sobre a anquiloglossia foram os profissionais de saúde (77.9%). Cerca de um quinto dos participantes (20.1%) tinham um filho diagnosticado com anquiloglossia. Os diagnósticos basearam-se geralmente na opinião profissional, dificuldades na amamentação e aparência da língua, sendo médicos, médicos dentistas, terapeutas da fala e consultores de amamentação os principais responsáveis pelo diagnóstico. O tratamento cirúrgico, sobretudo a frenectomia a laser, foi realizado em 88.5% dos casos, com uma participação significativa de médicos dentistas e terapeutas da fala. Os pais relataram um elevado grau de satisfação com os resultados do tratamento e com as informações recebidas. Conclusões: O estudo revelou um nível moderado de conhecimento sobre a anquiloglossia por parte dos pais e representantes legais portugueses. Apesar da elevada satisfação em relação à informação e apoio fornecidos, são necessários protocolos de diagnóstico e tratamento mais claros, bem como investigação adicional, para melhorar os cuidados prestados e aumentar o conhecimento parental.