Revista Portuguesa de Estomatologia, Medicina Dentária e Cirurgia Maxilofacial
XLV Congresso Anual da Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentária (SPEMD) Figueira da Foz, 9 a 11 de outubro de 2025 | 2025 | 66 (S1) | Page(s) 19
Caso ClÍnico
#020 Granuloma de Células Gigantes Periférico ou Central? A propósito de um Caso Clínico
a Serviço de Estomatologia do Hospital de São João
Article Info
Rev Port Estomatol Med Dent Cir Maxilofac
Volume - 66
Supplement - S1
Caso ClÍnico
Pages - 19
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Article History
Received on 09/10/2025
Accepted on 09/10/2025
Available Online on 09/10/2025
Keywords
Resumo
Introdução: O granuloma periférico de células gigantes é uma lesão de tecidos moles, de natureza provavelmente reativa, não neoplásica, que surge como um nódulo vermelho-azulado na gengiva ou crista alveolar. O granuloma central de células gigantes pode ser clinica e histopatologicamente semelhante, todavia difere do periférico essencialmente pela sua localização intraóssea e o seu comportamento clínico mais agressivo. Descrição do Caso Clínico: Um paciente de 74 anos de idade foi referenciado à consulta de Estomatologia por coloração azulada e discreta nodulação da gengiva do rebordo alveolar edêntulo a distal do dente 1.3, com um ano de evolução. A relação com a prótese dentária motivou o tratamento inicial com antifúngico e evicção da prótese. Contudo, perante a persistência do quadro, foi realizada uma biópsia incisional, cujo resultado histológico foi granuloma periférico de células gigantes. O estudo radiográfico adicional revelou uma lesão lítica maxilar subjacente à topografia da lesão e aparente resto radicular retido de 1.4. O envolvimento ósseo, despertou a suspeita de um granuloma central de células gigantes, embora clinicamente pouco agressivo. Optou-se por uma abordagem cirúrgica, com enucleação do componente intraósseo em bloco com a gengiva subjacente e extração do resto radicular retido. O exame histológico da peça revelou a presença adicional de um quisto odontogénico em adição ao granuloma periférico de células gigantes previamente incompletamente excisado. A cicatrização foi satisfatória e o seguimento radiográfico não demonstrou sinais de recidiva. Discussão e Conclusões: Os granulomas centrais e periféricos de células gigantes são considerados lesões reativas, que podem ter apresentações clínicas semelhantes e ser histologicamente indistinguíveis. No entanto, as duas lesões apresentam localização e comportamento clínico habitualmente distintos. Neste caso, o diagnóstico definitivo dependeu da confirmação da presença do quisto radicular subjacente ao granuloma periférico de células gigantes, que mimetizou o componente intraósseo de um granuloma central, ao mesmo tempo que surge como um fator de irritação local crónica (em adição à prótese mal adaptada e à raiz retida) que terá contribuído para o desenvolvimento da lesão gengival. O reconhecimento desta relação causal, aliada à exclusão de um diagnóstico potencialmente mais agressivo, é crucial para o tratamento eficaz e para a prevenção de recorrências.