Revista Portuguesa de Estomatologia, Medicina Dentária e Cirurgia Maxilofacial
IV Congresso da Sociedade Portuguesa de Endodontologia (SPE) Guimarães, 27 e 28 de Setembro de 2024 | 2024 | 65 (S1) | Page(s) 81
Caso ClÍnico
#SPE-C18 Abordagem cirúrgica de uma reabsorção cervical invasiva: A propósito de um caso clínico
a Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa, Lisboa, Portugal
Article Info
Rev Port Estomatol Med Dent Cir Maxilofac
Volume - 65
Supplement - S1
Caso ClÍnico
Pages - 81
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Article History
Received on 27/09/2024
Accepted on 27/09/2024
Available Online on 27/09/2024
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Resumo
Introdução: A reabsorção externa cervical invasiva resulta da perda de tecido duro dentário por ação odontoclástica. A aparência clínica varia desde defeitos de reabsorção na região cervical até a uma coloração coronária rosada da coroa. O tratamento tem como objetivo remover o tecido de reabsorção, selar o defeito com um material biocompatível de forma a prevenir a recorrência da reabsorção. A abordagem depende da natureza, acessibilidade da lesão e restaurabilidade do dente. Descrição do caso clínico: Paciente de 23 anos, do género feminino, encaminhada para avaliação do dente 36, que apresentava desconforto e hemorragia associada, onde havia sido realizado um retratamento endodôntico não cirúrgico recentemente. Após exame clínico e radiográfico, foi identificada a presença de uma reabsorção externa cervical invasiva e juntamente com o diagnóstico pulpar de tratamento endodôntico prévio e periapical de tecidos periapicais normais. O tratamento proposto foi a reparação cirúrgica da reabsorção do dente e posterior reabilitação com coroa. Foi realizado um retalho de espessura total com incisão intrasulcular para exposição da reabsorção. A remoção do tecido de reabsorção foi realizada com brocas e curetas, sendo necessário realizar uma pequena osteotomia em mesial para exposição da margem. Hipoclorito de sódio a 5,25% (Cerkamed, Stalowa Wola, Polónia) foi utilizado para limpeza da cavidade. A restauração foi realizada com ionómero de vidro (EQUIA Forte® HT, GC, Japão). Na consulta de controlo aos 6 meses, a paciente encontrava-se assintomática, com o dente em função e, clínica e radiograficamente, sem evidência de patologia. Discussão e conclusões: O tratamento da reabsorção externa cervical invasiva tem como objetivo manter os dentes afetados num estado saudável, funcional e estético. Quando existe comunicação com a cavidade oral, a resina composta e o cimento de ionómero de vidro são os materiais de eleição devido às suas propriedades de selamento, resistência e estética. Materiais bioativos são boas alternativas em cavidades que comunicam com o periodonto. No entanto, apresentam baixa resistência à abrasão e potencial de descoloração do dente, devendo a sua utilização ser evitada acima da crista óssea. Um diagnóstico preciso, com realização de exames radiográficos 3 dimensões de alta resolução, tratamento com a abordagem e material adequados e um acompanhamento a longo prazo, são fundamentais para o sucesso do tratamento.