Revista Portuguesa de Estomatologia, Medicina Dentária e Cirurgia Maxilofacial
IV Congresso da Sociedade Portuguesa de Endodontologia (SPE) Guimarães, 27 e 28 de Setembro de 2024 | 2024 | 65 (S1) | Page(s) 77
Caso ClÍnico
#SPE-C10 Reabsorção cervical externa por trauma: O desafio clínico
a Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa, Lisboa, Portugal
Article Info
Rev Port Estomatol Med Dent Cir Maxilofac
Volume - 65
Supplement - S1
Caso ClÍnico
Pages - 77
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Article History
Received on 27/09/2024
Accepted on 27/09/2024
Available Online on 27/09/2024
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Resumo
Introdução: A reabsorção cervical externa (RCE) tem uma etiologia pouco compreendida, mas está frequentemente associada a tratamento ortodôntico ou a lesão traumática prévia. A RCE requer uma avaliação clínica e radiográfica minuciosa para determinar a natureza, extensão, dimensão da comunicação com os tecidos e acessibilidade da lesão, permitindo assim decidir a abordagem clínica ideal. Neste caso clínico, será apresentada a abordagem de uma RCE de difícil acesso, tratada de forma cirúrgica e não cirúrgica. Descrição do caso clínico: Um paciente do sexo masculino foi encaminhado para a pós-graduação de Endodontia devido a um achado radiográfico no dente 11. O paciente apresentava fratura coronária por trauma dos dentes 12,11 e 21. O exame radiográfico tridimensional revelou uma lesão radiolúcida periapical associada ao dente 21 e uma lesão radiolúcida extensa associada à raiz do 11, que se estendia até ao terço médio da raiz, envolvendo mais de 90º-180º da circunferência da raiz e com comunicação com o canal radicular. Verificou-se uma resposta dolorosa à percussão vertical no 11 e 21. O dente 12 respondeu positivamente no teste ao frio, enquanto os dentes 11 e 21 não responderam aos testes frio e elétrico. Foi diagnosticada necrose pulpar e periodontite apical sintomática do 11 e 21, além da presença de reabsorção cervical externa no dente 11, com ponto de entrada em DP, classificada como 3Bp, de acordo com a classificação de Patel. O caso foi inicialmente abordado de forma não cirúrgica para colocar uma barreira (cone de guta) no interior do canal, e foi realizado o reimplante intencional para eliminar o tecido de granulação e selar a zona. O tratamento endodôntico não cirúrgico do canal foi concluído, e o dente restaurado com resina composta. Um ano depois, verificou- -se uma evolução radiográfica favorável, sem sinais ou sintomas clínicos de patologia associados a este dente. Discussão e conclusões: As RCE são difíceis de abordar clinicamente, sendo essencial um diagnóstico precoce. O reimplante intencional facilita o acesso a zonas mais difíceis do defeito, no entanto, existe o risco de wash-out do material utilizado na reparação. Esta lesão apresenta a particularidade de estar frequentemente em contato tanto com tecidos duros como com tecidos moles, o que dificulta a escolha do material restaurador. Este caso pretende mostrar que RCE extensas podem requerer múltiplas abordagens, mas que, apesar do prognóstico reservado, é possível manter esses dentes.