Resumo

Objetivos: No presente estudo pretendeu-se encontrar resposta para a seguinte pergunta de investigação: ´Qual a relação existente entre a exposição de culturas celulares de tecidos humanos às bactérias Porphyromonas Gengivalis e Fusobacterium Nucleatum e a oncogénese e progressão tumoral na cavidade oral?´. Métodos: Revisão sistemática da literatura seguindo as diretrizes Cochrane- estratégia de pesquisa sistematizada nos critérios Population, Intervention, Comparison, Outcome. A pesquisa bibliográfica abrangeu bases de dados eletrónicas e consulta de literatura cinzenta. A seleção e análise foi aplicada por 3 investigadores. A qualidade dos estudos utilizados foi analisada tendo em conta parâmetros da tabela de risco de viés da ferramenta QUIN Tool. Resultados: De um total de 126 artigos potencialmente relevantes foram selecionados 11 artigos. Na avaliação do risco de viés dos estudos verifica-se que os objetivos dos estudos foram na sua maioria claramente definidos sendo que a média deste parâmetro se aproxima de 1,46. A metodologia, teve uma média geral de 1,73, indicando clareza e objetividade. O método de medição do resultado também demostrou ter qualidade com uma média de 1,82. A Porphyromonas Gengivalis e Fusobacterium Nucleatum são duas bactérias cuja complexidade de interações com as células orais ficou estabelecida. Esta interação pode ser influenciada por fatores como a virulência bacteriana e resposta imune do hospedeiro. Níveis elevados de IL-6 estão associados à progressão do cancro oral, contribuindo para a proliferação celular, invasão e metástase. A IL-8 tem sido implicada na promoção da angiogénese e no recrutamento de células inflamatórias para o microambiente tumoral, facilitando a progressão do cancro oral. Conclusões: A exposição a Porphyromonas Gengivalis e Fusobacterium Nucleatum está associada à expressão de marcadores de oncogénese e progressão do cancro oral, especialmente o carcinoma oral de células escamosas. Para além de intensificarem a inflamação local, estas bactérias alteram o microambiente tumoral, promovendo a sobrevivência, proliferação e invasão de células cancerígenas. Destacam-se os papéis das citocinas pró-inflamatórias, como a IL-6 e a IL-8 que podem tornar-se potenciais biomarcadores e alvos terapêuticos no tratamento do cancro oral. Esta compreensão poderá ser decisiva em Saúde Oral enaltecendo a direta relação entre inflamação aguda e crónica na cavidade oral e a oncogénese e progressão tumoral.