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Revista Portuguesa de Estomatologia, Medicina Dentária e Cirurgia Maxilofacial

XLIV Congresso Anual da Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentária (SPEMD) Porto, 11 a 12 de outubro de 2024 | 2024 | 65 (S1) | Page(s) 26


Caso ClÍnico

#055 Diagnóstico inaugural de sífilis a partir de lesão intraoral


a IPO Porto, ULS São João

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Volume - 65
Supplement - S1
Caso ClÍnico
Pages - 26
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Received on 11/10/2024
Accepted on 11/10/2024
Available Online on 11/10/2024


Introdução: A sífilis é uma infeção crónica causada pelo Treponema pallidum e transmitida de forma vertical ou através de contactos sexuais desprotegidos. As manifestações orais são raras mas podem ocorrer em qualquer uma das três fases da doença. A sífilis primária caracteriza-se pelo cancro duro - lesão solitária indolor com ulceração central que se desenvolve no local da inoculação, maioritariamente associada a linfadenopatias regionais. Descrição do Caso Clínico: Homem de 22 anos, saudável, recorreu ao serviço de urgência de Estomatologia por lesão indolor na mucosa jugal esquerda com 4 semanas de evolução, com aumento progressivo e associada a dolorosa tumefação submandibular ipsilateral. Ao exame objetivo apresentava tumefação submandibular esquerda dolorosa à palpação, identificando-se três adenopatias móveis e de contornos regulares. Intraoralmente, verificou-se úlcera retrocomissural esquerda, com 2 cm de maior eixo, endurecida em toda a sua espessura mas indolor à palpação. Foram consideradas três hipóteses diagnósticas: sífilis primária (cancro duro), carcinoma epidermóide ou úlcera traumática. Tanto o estudo anatomopatológico da úlcera como a biópsia aspirativa de uma das adenopatias submandibulares revelou a presença de Treponema pallidum, confirmando o diagnóstico de sífilis primária. O doente foi medicado com toma única de penicilina G intramuscular, submetido a rastreio de outras infeções sexualmente transmissíveis e encaminhado para consulta de Doenças Infeciosas para seguimento posterior. Em consulta de reavaliação de Estomatologia, duas semanas após o tratamento, o doente apresentava lesão ulcerada residual com 3 mm de maior eixo e um mês após o tratamento, regressão completa da úlcera. A tumefação submandibular foi também diminuindo, tornando-se progressivamente mais mole e indolor durante este período. Discussão e Conclusões: A sífilis é considerada a grande mimetizadora, com uma grande variedade de manifestações clínicas sobreponíveis a outras patologias, o que pode dificultar o diagnóstico e levar a um atraso no tratamento. Em indivíduos com comportamentos sexuais de risco é importante considerar esta hipótese diagnóstica quando são observadas lesões sugestivas. Aquando do diagnóstico, tanto o doente como o parceiro deverão ser tratados com penicilina e submetidos a rastreio de outras infeções sexualmente transmissíveis.


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