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Revista Portuguesa de Estomatologia, Medicina Dentária e Cirurgia Maxilofacial

XLIV Congresso Anual da Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentária (SPEMD) Porto, 11 a 12 de outubro de 2024 | 2024 | 65 (S1) | Page(s) 25


Caso ClÍnico

#054 Manifestações orais e o seu papel no diagnóstico da doença inflamatória intestinal


a CHVNGE, IPO Porto, ULS São João

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Volume - 65
Supplement - S1
Caso ClÍnico
Pages - 25
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Received on 11/10/2024
Accepted on 11/10/2024
Available Online on 11/10/2024


Introdução: A doença inflamatória intestinal (DII), que incluí a doença de Crohn (DC) e a colite ulcerosa (CU), caracteriza- se pela inflamação crónica do tubo digestivo e pode manifestar-se por sintomas gastrointestinais, perda de peso e sintomas extraintestinais. As manifestações extraintestinais da DII podem afetar a cavidade oral. Descrição do Caso Clínico: Apresentamos o caso de uma jovem do sexo feminino de 23 anos, sem antecedentes patológicos de relevo, em seguimento na consulta de doenças inflamatórias intestinais desde 2023 por anemia ferropénica e história de retorragias esporádicas em estudo. Realizou, em 2023, colonoscopia e endoscopia digestiva alta, ambas sem alterações; bem como ressonância magnética nuclear pélvica que não evidenciou sinais sugestivos de atividade inflamatória intestinal. Recorreu ao Serviço de Urgência de Estomatologia da ULS São João a 10/7/2024 com queixas de aftas recorrentes da cavidade oral, com cerca de 1 mês de evolução, associado a dor na hemilíngua esquerda. Negava alterações recentes do trânsito gastrointestinal, perda ponderal, dispneia ou febre. Ao exame objetivo, a paciente não apresentava alterações cervico faciais de relevo. Intraoralmente, apresentava uma úlcera milimétrica em relação com o opérculo de 38 não erupcionado, recoberta por fibrina; e a língua despapilada na região central, apresentando a metade distal esquerda discretamente endurecida, sem lesões macroscópicas. Tendo em conta as alterações encontradas no exame objetivo, optou-se pela realização de biopsia incisional punch da língua à esquerda, na região que se encontrava endurecida à palpação. A histologia evidenciou alterações compatíveis com pioestomatite vegetante (PV). Discussão e Conclusões: A PV é uma condição rara fortemente associada à DII, frequentemente associada ao diagnóstico de colite ulcerosa (70% ). O tratamento da PV passa pelo controlo da CU subjacente e, nos casos em que se manifesta isoladamente, são utilizados corticosteroides tópicos para controlo sintomático. Os sintomas orofaciais associados à DII podem resultar em morbilidade física e psicológica significativa. A avaliação da cavidade oral destes pacientes pode, muitas vezes, ser crucial para o estabelecimento de um correto diagnóstico, demonstrando, desta forma, a importância da sinergia entre as especialidades de Estomatologia e Gastroenterologia, para que uma avaliação estomatológica sistemática faça parte do estudo etiológico de todos os pacientes com suspeita de DII.


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