Revista Portuguesa de Estomatologia, Medicina Dentária e Cirurgia Maxilofacial
XLII Congresso Anual da Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentária (SPEMD) Figueira da Foz, 13 a 15 de outubro de 2022 | 2022 | 63 (S1) | Page(s) 28
#065 Ulcera oral secundária à administração de nitroglicerina sublingual: Relato de caso
Article Info
Rev Port Estomatol Med Dent Cir Maxilofac
Volume - 63
Supplement - S1
Pages - 28
Go to Volume
Article History
Received on 13/10/2022
Accepted on 13/10/2022
Available Online on 13/10/2022
Keywords
Resumo
Introdução: A nitroglicerina, também conhecida como trinitrato de glicerilo, usada há mais de 130 anos na medicina como potente vasodilatador, foi sintetizada em 1846 e aprovada pela FDA em 1938. Pertence a um grupo de medicamentos denominados nitratos, empregados como agentes terapêuticos em doenças cardiovasculares como angina e insuficiência cardíaca crónica. Pode ser administrada via oral, sublingual, intraoral, tópica ou intravenosa, abrangendo um mecanismo de ação curto ou longo. O modelo terapêutico de curta ação apresenta- se em formato de comprimido (sublingual ou na região vestibular inferior) ou spray (no dorso ou ventre lingual). Descrição do caso clínico: Este caso clínico descreve uma mulher de 63 anos, autónoma e cognitivamente íntegra, com antecedentes de HTA, perturbação de ansiedade e asma, medicada com anti hipertensor, ansiolítico e corticosteroide inalado, que foi admitida no serviço de urgência por quadro de síndrome coronário agudo e internada para cateterismo cardíaco urgente. Durante o transporte foi administrada nitroglicerina sublingual com alívio sintomático imediato. Cerca de 18h após a administração com sensação de dor e ardência oral secundárias a queimadura com descontinuidade epidérmica no lado esquerdo do ventre lingual. Foi instituída terapêutica imediata com sucralfato (suspensão oral) e lidocaína tópica e instituída dieta fria e mole durante 48h com resolução do quadro clínico. Discussão e conclusões: As reações adversas locais deste fármaco são raras e a grande maioria pertence à sua administração tópica, havendo em qualquer composto reações adversas desconhecidas e/ou não documentadas. Por outro lado, o uso de corticosteroides inalados é um conhecido fator precipitantes de alterações e manifestações orais, podendo condicionar alguma predisposição a ulceração da mucosa por presença de xerostomia e imunossupressão local. É imprescindível que sejam documentadas e identificadas quaisquer reações adversas ou toxicidade medicamentosa visando um diagnostico e terapêutica precoces e, se aplicado, medidas de prevenção.