Revista Portuguesa de Estomatologia, Medicina Dentária e Cirurgia Maxilofacial
XLII Congresso Anual da Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentária (SPEMD) Figueira da Foz, 13 a 15 de outubro de 2022 | 2022 | 63 (S1) | Page(s) 19
#043 Tumores parotídeos – Desafio diagnóstico e cirúrgico: um caso de tumores metacrónicos
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Rev Port Estomatol Med Dent Cir Maxilofac
Volume - 63
Supplement - S1
Pages - 19
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Article History
Received on 13/10/2022
Accepted on 13/10/2022
Available Online on 13/10/2022
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Resumo
Introdução: As neoplasias de glândulas salivares constituem um grupo de lesões, clínica e morfologicamente diferentes, capazes de determinar importantes desafios diagnósticos e terapêuticos. Descrição do caso clínico: Género feminino, 44 anos, raça caucasiana, antecedentes médico- cirúrgicos relevantes de adenoma pleomórfico da parótida direita, removido cirurgicamente (2004). Em 2021 notou o reaparecimento de um nódulo na região parotídea direita com perceção de aumento do seu volume desde então. À observação objetivou-se uma neoformação localizada na glândula parótida direita, com 3 cm de maior diâmetro, indolor e de consistência duro? elástica. Realizou- se uma biópsia aspirativa por agulha fina, cujo resultado histológico revelou adenoma pleomórfico. Foi então referenciada a consulta de Otorrinolaringologia – Cabeça e Pescoço – do Hospital de Braga onde a doente foi submetida a parotidectomia parcial direita, com monitorização do nervo facial, para exérese da lesão. O estudo histológico definitivo revelou tratar-se, afinal, de um mioepitelioma parotídeo. Foram preservados todos os ramos do nervo facial, pelo que não se verificaram alterações da mímica facial. Não se registaram complicações decorrentes da cirurgia realizada. Discussão e conclusões: O diagnóstico de mioepitelioma é pouco frequente, encontrando-se apenas em 1% dos tumores de glândulas salivares. Geralmente trata- se de uma lesão benigna, mas em 10% dos casos pode evidenciar um comportamento maligno, passando a designar- se carcinoma mioeptelial. Já o adenoma pleomórfico, além de ser o tumor de glândulas salivares mais comum, constitui o principal diagnóstico diferencial do mioepitelioma. Tanto um como outro apresentam- se clinicamente como um aumento de volume duro, indolor, de crescimento lento e ambos têm maior incidência no género feminino, na 5.ª década de vida. Relativamente às características histológicas o mioepitelioma é composto quase completamente por células mioepiteliais, estando as formações ductais ausentes ou só muito raramente presentes (menos de 5% da área do campo examinado). Por sua vez, no adenoma pleomórfico, as células mioepiteliais apresentam-se em número variado e as formações ductais são numerosas. Como evidenciado neste caso, o diagnóstico definitivo é histológico e apenas deve ser considerado após a excisão completa da lesão. Nestas circunstâncias ambos os tumores apresentam bom prognóstico, apesar da possibilidade de recidiva e/ou de transformação maligna.