Resumo

Introdução: A fenda lábio-palatina é uma das deformidades congénitas comuns em humanos com uma prevalência média de 1 em cada 700 nascimentos. Esta malformação resulta da falha na fusão entre processos embriológicos durante a morfogénese facial. A manifestação pode ocorrer em conjunto com síndromes ou de forma isolada. Quando na sua forma não sindrómica, a sua etiologia ainda não é clara e pensa- se que pode ter origem genética e/ou ser multifatorial. Os diferentes tipos de fenda podem afetar a anatomia da face, particularmente o terço médio, causando problemas a nível funcional e estético. São várias as formas clínicas que podem assumir, envolvendo diferentes estruturas, como o lábio, rebordo alveolar, palato duro e palato mole. Podem estar associadas várias anomalias dentárias. Tanto os dentes decíduos como os dentes permanentes podem ser afetados e as anomalias dentárias encontram- se maioritariamente do lado da fenda. O acompanhamento multidisciplinar é crucial para o normal desenvolvimento destas crianças. Descrição do caso clínico: Doente do género masculino com 10 anos de idade foi encaminhado da consulta de ortodontia para a consulta de Odontopediatria da FMD-UCP. O doente apresenta uma fenda lábio-palatina unilateral direita completa. Ao exame clínico observa- se a ausência dos dentes 13, 14 e 15. Após exame radiográfico verificou? se que os referidos dentes estão presentes, embora impactados por tecido gengival fibroso. Foi realizada uma exposição da coroa destes dentes – ulotomia – com auxílio de bisturi elétrico para facilitar a erupção dos dentes. Foram realizadas consultas de controlo após 14 dias e após 40 dias. A cicatrização foi realizada rapidamente, e foi observada a erupção dos dentes sem mais nenhuma necessidade de intervenção. Discussão e conclusões: A impactação dentária é normalmente observada na região anterior e na região dos pré-molares do lado da fenda. As crianças com fendas lábio? palatinas normalmente apresentam, pelo menos, uma anomalia dentária. Desta forma, o diagnóstico e a gestão clínica das anomalias dentárias deve ser prioritária aquando do estabelecimento de um plano de tratamento para estes doentes. O odontopediatra desempenha uma função primordial no acompanhamento do seu crescimento e desenvolvimento.