Revista Portuguesa de Estomatologia, Medicina Dentária e Cirurgia Maxilofacial
SPEMD - XXXIX Congresso Anual da Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentária (SPEMD) - O Congresso do Centenário Porto, 18 e 19 de outubro de 2019 | 2019 | 60 (S1) | Page(s) 9
Casos Clínicos
#021 Osteonecrose mandibular induzida por bifosfonato oral – caso clínico
Article Info
Rev Port Estomatol Med Dent Cir Maxilofac
Volume - 60
Supplement - S1
Casos Clínicos
Pages - 9
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Article History
Received on 18/12/2019
Accepted on 08/12/2019
Available Online on 18/12/2019
Keywords
Resumo
Introdução: Os bifosfonatos orais têm sido amplamente utilizados no tratamento da Osteoporose, bem como no controle de metástases ósseas. A osteonecrose dos maxilares é uma complicação da terapêutica com bisfosfonatos, em que as exodontias podem exponenciar o aparecimento das lesões. O seu tratamento é ainda um desafio, mas a abordagem terapêutica deve ser feita de acordo com o estadio da doença. Descrição do caso clínico: Mulher, 75 anos, referenciada ao Serviço de Estomatologia do CHUC, por lesão oral com 6 meses de evolução, após múltiplas exodontias. Referia desconforto à mastigação e incapacidade de usar a prótese inferior. Nos antecedentes destacava-se um quadro de Osteoporose medicada há 13 anos continuamente com ácido ibandrónico oral 150mg, e ainda Diabetes mellitus tipo 2. Ao exame físico, constatou?se uma exposição óssea na região lingual do 3.º quadrante, com 35 mm de maior eixo, aderente e sem sinais de inflamação ou infeção nos tecidos adjacentes. A ortopantomografia demonstrava área osteolítica no corpo mandibular esquerdo. Estabelecido o diagnóstico de osteonecrose por bifosfonato oral, em estadio I, optou-se primeiramente por suspender a toma do bifosfonato, motivar para a higiene oral e instruir a aplicação tópica de gel de clorohexidina 0,2%, 3 vezes/dia. Após 3 meses, por o quadro se manter sobreponível, decidiu-se confecionar uma goteira oclusal inferior, para permitir a colocação e manutenção do gel durante mais horas, e por outro lado, para aliviar o desconforto sentido na mastigação. Após 2 semanas, o sequestro apresentava já alguma mobilidade e após mais 2 semanas, este tinha-se desprendido espontaneamente. A região onde anteriormente ele estava localizado, apresentava-se completamente epitelizada e a doente assintomática. Discussão e conclusões: A utilização de bifosfonatos orais apresenta um menor risco de osteonecrose dos maxilares quando comparada com a sua administração por via endovenosa. Contudo, a duração do tratamento parece ser um dos fatores de risco mais relevante, pois o risco aumenta com o tempo de exposição. Neste caso clínico, o uso prolongado do bifosfonato oral, e a realização de múltiplas exodontias, num quadro de Diabetes mellitus, culminaram no aparecimento da lesão osteonecrótica mandibular. Porém, o diagnóstico num estadio inicial e a boa adesão ao tratamento conservador prescrito, associado à suspensão do bifosfonato, tornaram possível uma completa cicatrização da lesão e um aumento da qualidade de vida da doente.