Resumo

Introdução: A disfunção temporomandibular é definida como um conjunto de condições que afectam os músculos mastigatórios, a articulação temporomandibular e estruturas associadas. A hipermobilidade articular generalizada tem sido apontada como factor predisponente para a referida disfunção e é avaliada através do índice de Beighton (≥4/9). A redução da capacidade para proteger a articulação e prevenir o movimento excessivo pode levar a artralgia, instabilidade articular, mialgia, fadiga muscular e à ocorrência de lesões articulares. Descrição do caso clínico: Paciente, 28 anos, sexo feminino, recorreu à consulta por ruído articular na articulação temporomandibular esquerda, fadiga dos músculos mastigatórios e episódios de cefaleia há 2 anos. Avaliou?se hipermobilidade da articulação temporomandibular (abertura máxima não assistida 51mm, sem dor) num contexto de hipermobilidade articular generalizada (Índice Beighton=8), deslocamento do disco com redução à esquerda, mialgia dos músculos mastigatórios, dor miofascial dos músculos da cervical relacionada com cefaleia tensional e bruxismo diurno. O plano de tratamento foi determinado pela hipermobilidade e centrou-se na fisioterapia para controlar a biomecânica articular, diminuir a mialgia e a dor miofascial. Simultaneamente foram adoptadas estratégias como a educação do paciente, a terapia cognitivo-comportamental (BruxApp®) e o incentivo à actividade física, para intervir na hipermobilidade articular generalizada, bem como, o tratamento farmacológico e a viscosuplementação. Discussão e conclusões: A hipermobilidade articular é uma condição que afeta sobretudo mulheres jovens e tem sido considerada um fator predisponente da disfunção temporomandibular. O diagnóstico e tratamento requerem conhecimento das etapas de avaliação do paciente e dos critérios de classificação das disfunções. O caso clínico realça a importância da intervenção interdisciplinar para o sucesso terapêutico e melhoria da qualidade de vida dos pacientes.