Revista Portuguesa de Estomatologia, Medicina Dentária e Cirurgia Maxilofacial
XXXVIII Congresso Anual da Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentária (SPEMD) Lisboa, 12 e 13 de outubro de 2018 | 2018 | 59 (S1) | Page(s) 7-8
Casos Clínicos
#017 Pênfigo Vulgar – Da Literatura Para A Clínica
Article Info
Rev Port Estomatol Med Dent Cir Maxilofac
Volume - 59
Supplement - S1
Casos Clínicos
Pages - 7-8
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Article History
Received on 30/11/2018
Accepted on 30/11/2018
Available Online on 30/11/2018
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Resumo
Introdução: O pênfigo pertence a um grupo de doenças auto-imunes que se carateriza pela formação de lesões bolhosas, com afecção muco-cutânea, devido à presença de auto-anticorpos contra os queratinócitos, resultando na perda da adesão intercelular através de um processo designado acantólise. Estima-se que a incidência seja de um a cinco casos por milhão de pessoas, diagnosticadas por ano na população geral. Surge habitualmente entre os 50- 60 anos. A variante mais comum de pênfigo é a designada por ´vulgar´, sendo a que afecta mais frequentemente a mucosa oral. Descrição do caso clínico: Paciente de 45 anos, género feminino, referenciada à consulta de Estomatologia por lesões gengivais eritematosas, com cerca de um ano de evolução, acompanhadas de quadro álgico, mas sem condicionar limitação nutricional. A doente negava manifestações cutâneas. O exame objectivo confirmou a presença de lesões eritematosas, de carácter erosivo e friável, de localização interpapilar envolvendo o sextante ântero-inferior. Foi programada biópsia incisional das lesões e instituída, de imediato, terapêutica com corticoterapia sistémica. O estudo anátomo-patológico confirmou o diagnóstico clínico de pênfigo vulgar, através de exame histológico, complementado por estudo de imunofluorescência directa. Discussão e conclusões: O pênfigo é uma entidade nosológica importante que, quando não tratada, pode resultar na morte do doente. As lesões orais são frequentemente a primeira manifestação da doença e, por serem de difícil resolução, são também as últimas a desaparecer. As opções terapêuticas visam o controlo do carácter auto-imune da patologia e uma abordagem multidisciplinar é imperativa. A resolução completa pode acontecer; exacerbações e remissões são comuns. Este caso clínico pretende, em jeito de desafio, revisitar a literatura já estabelecida sobre o tema.