Caso Cl�nico

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Schwannoma em l�bio inferior: Relato de caso

Schwannoma in the lower lip: a case report

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Thales H. J. Ponciano^a,*, Ferdinando De Conto^b

^a Faculdade de Odontologia da Universidade de Passo Fundo, Passo Fundo � RS, Brasil.

^b Resid�ncia em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial da Faculdade de Odontologia da Universidade de Passo Fundo, Passo Fundo � RS, Brasil.

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^*Correspond�ncia para:

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http://doi.org/10.24873/j.rpemd.2020.12.724

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Resumo

O Schwannoma � um tumor benigno de crescimento lento e encapsulado que se desenvolve nas fibras nervosas perif�ricas e pode ou n�o estar associado a trauma e n�o h� evidencias que determinam predile��o por sexo ou idade. O objetivo deste artigo � relatar um caso de Schwannoma no l�bio inferior. Paciente masculino, 30 anos, apresentando les�o em l�bio inferior percebido ap�s trauma facial ocorrido h� 8 anos. O diagn�stico definitivo e o tratamento foram dados atrav�s de bi�psia excisional e o exame histopatol�gico da pe�a confirmou o diagn�stico de Schwannoma devido aos padr�es Anthony A e B encontrados. O tratamento para o Schwannoma consiste na remo��o total da les�o, pois apresenta baixas taxas de recidiva e maligniza��o conforme os dados da literatura bem como o baixo risco de les�o ao nervo envolvido. Seu diagn�stico � dado por exame histopatol�gico onde os padr�es Anthony A e B s�o destacados.

Palavras-chave: Cavidade oral, Cirurgia oral,Neoplasia labial,Schwannoma

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Abstract

Schwannoma is a benign encapsulated slow-growing tumor that occurs in the peripheral nerves and may or not be associated with trauma. There is no evidence to determine a relationship between the tumor, sex, or age. The purpose of this article is to examine a case of schwannoma in the lower lip. A 30-year-old male patient exhibits a lesion in the lower lip that was first detected after a facial trauma 8 years ago. After conducting the excisional biopsy and the histopathological examination, we confirmed the diagnosis of schwannoma due to the patterns Anthony A and B. The schwannoma was treated by total removal of the lesion. According to the medical data, this was the optimal treatment due to the low risk of injury to the nerves, the low recurrence rate, and the tumor�s malignancy.

Keywords: Oral cavity,Oral surgery, Lip neoplasms,Schwannoma

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Introdu��o

O Schwannoma � um tumor benigno do sistema nervoso perif�rico oriundo das c�lulas de Schwann. S�o c�lulas que se originam do tubo neural e participam do conjunto das c�lulas Glia, que proporcionam suporte e nutri��o aos neur�nios. Elas t�m por fun��o recobrir os ax�nios dos neur�nios do sistema perif�rico formando um isolamento el�trico que permite a propaga��o r�pida dos est�mulos nervosos. Por isso, o Schwannoma pode se desenvolver em qualquer fibra nervosa mielinizada a partir de uma prolifera��o desordenada das c�lulas de Schwann.^{1, 2}>

� uma entidade rara que se apresenta na maior parte dos casos como uma les�o de crescimento lento, encapsulada, de consist�ncia lisa e borrach�ide, indolor, que pode variar de tamanho e, conforme cresce, desloca o nervo afetado n�o o envolvendo no tumor.^{3, 4}

Entre 25% e 45% dos Schwannomas ocorrem na cabe�a e pesco�o e cerca de 1% tem origem intrabucal. O local mais acometido pelo tumor � a l�ngua, seguido de assoalho bucal, palato, gengiva, l�bios e mucosa bucal. N�o h� predile��o por sexo, e pode se desenvolver em qualquer idade.^{1, 5 ‑ 7}

Seu tratamento consiste na ex�rese da les�o e, pelo fato de ser encapsulada, n�o apresenta dificuldade de remo��o. Seu progn�stico ap�s remo��o cir�rgica � �timo, com risco muito baixo de maligniza��o e recidiva, por�m h� indica��o de acompanhamento cl�nico a cada 12 meses para a avalia��o de poss�veis mudan�as de volume ou de sensibilidade na regi�o que possam indicar necessidades de novos exames de imagem.^{1, 8}

O objetivo do presente artigo consiste em relatar o caso de um Schwannoma em l�bio inferior tratado por remo��o cir�rgica.

Caso cl�nico

Paciente do g�nero masculino, 30 anos, feoderma, comparece com queixa de n�dulo no l�bio inferior, indolor, percebido ap�s trauma contuso em face, oriunda de um acidente automobil�stico de baixa cinem�tica ocorrido h� 8 anos.

Ao exame f�sico notou‑se les�o nodular de base s�ssil, submucosa, de consist�ncia firme e flutuante em l�bio inferior paramediano do lado esquerdo, associada a uma isquemia da regi�o quando tracionada (Figuras 1 e 2). N�o se observou parestesia nem altera��o de cor na regi�o da les�o. O paciente nega comorbidades, bem como uso de medicamentos de forma continuada.

Com base no hist�rico de contus�o no l�bio, houve a suspeita de les�o vascular, al�m disso, suspeitou‑se tamb�m de mucocele, lipoma, fibroma traum�tico e neurofibroma. Ap�s avalia��o cl�nica foi solicitado um exame de ultrassonografia do l�bio inferior para melhor defini��o dos bordos da les�o, avalia��o de abordagem e diagn�stico diferencial da les�o vascular, al�m de ser um exame com baixo custo para o paciente.

O exame ultrassonogr�fico evidenciou forma��o nodular hipoecoica s�lida, capsulada, medindo 1,25x1,5 cm, localizada abaixo do tecido celular subcut�neo, sem evid�ncia de vasculariza��o proeminente no seu interior ou tecido adjacente e sem sinais de conte�do l�quido no interior, descartando assim a hip�tese de mucocele e les�o vascular (Figura 3).

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Ap�s a avalia��o do exame de imagem optou‑se pela realiza��o de uma bi�psia excisional para diagn�stico conclusivo e tamb�m como forma de tratamento. O procedimento foi realizado sob anestesia local, sem intercorr�ncias transoperat�rias.

A incis�o foi realizada no bordo lateral do tumor e durante a divuls�o dos tecidos n�o foram encontradas termina��es nervosas pr�ximas. O material foi encaminhado para an�lise histopatol�gica (Figuras 4 e 5).

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Macroscopicamente foi identificada uma pe�a de aspecto nodular, pardo‑claro, firme e el�stico. Medindo 1,6x1,2x0,6 cm. O exame microsc�pico evidenciou prolifera��o de c�lulas fusiformes e fibras col�genas dispostas em padr�o Anthony A e Anthony B, limitadas por c�psula fibrosa delgada compat�vel com Schwannoma (Figura 6).

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N�o houve complica��es p�s‑operat�rias e no controle de 50 dias p�s‑operat�rio o paciente apresentou o l�bio com volume normal, sim�trico, sem queixas �lgicas ou de parestesia, com a mucosa em aspecto normal (Figura 7).

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Discuss�o e conclus�es

O Schwannoma � um tumor benigno e encapsulado do sistema nervoso perif�rico com caracter�sticas cl�nicas de crescimento lento, tamanho vari�vel e assintom�tico, o que pode fazer com que o paciente n�o perceba a les�o t�o precocemente.

Sua origem � desconhecida, por�m pode estar associado a trauma local, possui baixa tend�ncia de maligniza��o e microscopicamente apresenta caracter�sticas quase patognom�nicas como os padr�es Anthony A e Anthony B.^{6, 9, 10} Estas caracter�sticas se aplicam muito bem ao caso relatado, principalmente se considerarmos o tempo de evolu��o entre o trauma e o tratamento.

Uma an�lise cl�nica criteriosa quanto ao tempo de evolu��o da les�o e a superf�cie da mucosa s�o importantes pontos a serem considerados para descartar les�es potencialmente malignas e demais hip�teses diagn�sticas como les�es vasculares, lipoma, neurofibroma, fibroma traum�tico e les�o de gl�ndulas salivares.^{2, 6, 8}

Os exames de imagem s�o bons aliados do profissional como aux�lio de diagn�stico e planeamento. A maioria dos Schwannomas se apresenta como uma massa bem delimitada, homog�nea e hipodensa em uma tomografia computadorizada, em uma resson�ncia magn�tica tamb�m possuem boa defini��o e apresentam hipersinal em T2 e hiposinal em T1, e o exame de ultrassonografia mostra uma imagem bem definida, hipoecoica, homog�nea e s�lida.¹¹

A resson�ncia magn�tica � o exame de imagem ideal, pois apresenta vantagens em compara��o com tomografia computadorizada em v�rios aspetos, pois ela n�o � afetada pelo efeito do �beam hardening� que acomete a tomografia computadorizada na cavidade oral e permite maior precis�o do local da les�o relacionada com estruturas adjacentes, possibilitando uma melhor mensura��o do tamanho da les�o.⁸ O efeito �beam hardening� ocorre principalmente pr�ximo de estruturas de alta densidade como metais (implantes dent�rios, n�cleos met�licos, coroas, restaura��es de am�lgama de prata) que possuem alta absor��o dos raios X, gerando o endurecimento do feixe e tais altera��es podem interferir na interpreta��o das imagens e consequentemente no diagn�stico.¹²

A resson�ncia magn�tica n�o foi solicitada para o presente caso por se tratar de uma les�o pequena em l�bio e por condi��es de custo financeiro ao paciente, tendo assim a ultrassonografia como uma alternativa de exame com boa rela��o custo vs. benef�cio.

Entretanto, mesmo havendo const�ncia e similaridade nos resultados observados nestes exames que definem bem a imagem obtida de um Schwannoma, eles n�o s�o suficientes para confirmar o diagn�stico da les�o, sendo assim necess�ria a realiza��o de uma bi�psia excisional e envio da pe�a para an�lise histopatol�gica e diagn�stico definitivo.

Microscopicamente o Schwannoma apresenta dois padr�es distintos. O padr�o Anthony A � composto por c�lulas fusiformes compactadas com um arranjo de c�lulas em pali�adas distribu�das em m�ltiplas dire��es, com n�cleos ovalados ou em forma de charuto e citoplasma r�seo com limites imprecisos, al�m de �reas anucleadas que comp�e os Corpos de Verocay e o padr�o Anthony B que se apresenta com c�lulas frouxamente organizadas e em menor n�mero com maior presen�a de tecido conjuntivo, apresenta citoplasma escasso que se resolve em finos prolongamentos mal definidos e n�o se arranjam em feixes.^{2, 3, 8, 9, 11}

Tamb�m pode ser utilizado o exame de imunohistoqu�mica em conjunto com o histopatol�gico para distinguir o Schwannoma de outros tumores de tecido mole. O Schwannoma tem resposta forte e difusa para a prote�na S100, o que � tipicamente encontrado em c�lulas derivadas da crista nervosa.⁸

Entretanto, no presenta caso n�o foi solicitado exame de imunohistoqu�mica devido �s caracter�sticas cl�nicas e histopatol�gicas serem suficientes para a confirma��o do diagn�stico.

A citologia aspirativa por agulha fina � um m�todo �til para diagn�stico de tumores da cabe�a e pesco�o, por�m para o Schwannoma a quantidade de material obtida n�o � suficiente, pois o tumor � misto e o diagn�stico pode ser inconclusivo.

Isto refor�a que a bi�psia excisional seguida de an�lise histopatol�gica � essencial.⁴

O tratamento de escolha para o Schwannoma � a excis�o completa da les�o, a incis�o cir�rgica � conservadora e n�o necessita de margens de seguran�a. O tumor frequentemente desloca e comprime o nervo e tecidos moles adjacentes, por�m devido a sua forma encapsulada permite a preserva��o da estrutura nervosa. O progn�stico � muito bom, apresenta baixa taxa de recidiva desde que sua remo��o seja completa, sendo assim este o fator cr�tico para o sucesso do tratamento e a transforma��o para maligno � incomum.^{1, 4, 8}

O presente caso traz uma condi��o incomum da localiza��o de um Schwannoma, sendo o l�bio uma das regi�es que menos � acometida pelo tumor segundo a literatura pesquisada e o exame de ultrassonografia pode ser um bom aliado no aux�lio do diagn�stico que apresenta boa defini��o da les�o e uma boa rela��o‑benef�cio ao paciente.

Schwannomas s�o tumores benignos pouco frequentes, assintom�ticos, de crescimento lento e tamanho vari�vel.

Apresentam baixo risco de maligniza��o ou dano nervoso na regi�o da les�o. Seu tratamento � simples atrav�s de remo��o cir�rgica completa com progn�stico bom e, apesar de ter boas defini��es em exames de imagem seu diagn�stico deve ser confirmado atrav�s de exame histopatol�gico, onde apresenta os padr�es Anthony A e Anthony B. O exame de ultrassonografia apresenta bons resultados no aux�lio do diagn�stico e devido ao seu baixo custo torna‑se mais acess�vel ao paciente.

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Refer�ncias

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⁴. Shibata A, Kimura M, Ohto H, Yamada H, Umemura M. Schwannoma of the anterior maxillary vestibular submucosa: A case report. J Oral Maxillofac Surg Med Pathol. 2017;29:45‑8.

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^*Autor correspondente:

Thales H. J.� Ponciano

Correio eletr�nico: thalesjincziwski@gmail.com

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Responsabilidades �ticas

Prote��o de pessoas e animais. Os autores declaram que para esta investiga��o n�o se realizaram experi�ncias em seres humanos e/ou animais.

Confidencialidade dos dados. Os autores declaram que n�o aparecem dados de pacientes neste artigo.

Direito � privacidade e consentimento escrito. Os autores declaram ter recebido consentimento escrito dos pacientes e/ou sujeitos mencionados no artigo. O autor para correspond�ncia est� na posse deste documento.

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Conflito de interesses

Os autores declaram n�o haver conflito de interesses.

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Historial do artigo:

Recebido a 9 de abril de 2020

Aceite a 1 de dezembro de 2020

On-line a 20 de dezembro de 2020