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Revista Portuguesa de Estomatologia, Medicina Dentária e Cirurgia Maxilofacial

SPEMD - Rev Port Estomatol Med Dent Cir Maxilofac | 2018 | 59 (1) | 36-43




Investigação Original

Técnicas e materiais de impressão em prótese total lecionados em pós-graduações ibéricas

Impression techniques and materials for complete dentures lectured in iberian post-graduations


a Universidade Católica Portuguesa, Instituto de Ciências da Saúde, Viseu, Portugal
Ana M. Amorim - anamargaridacamorim@gmail.com

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Volume - 59
Issue - 1
Investigação Original
Pages - 36-43
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Received on 19/02/2018
Accepted on 15/06/2018
Available Online on 28/06/2018


Investigação original

 

Técnicas e materiais de impressão em prótese total lecionadosem pós-graduações ibéricas

Impression techniques and materials for complete dentures lectured in iberian post-graduations

 

Ana M. Amorim*, Tiago Simões, Ana M. Silva, Filipe M. Araújo, Cristina Figueiredo, André Correia

Universidade Católica Portuguesa, Instituto de Ciências da Saúde, Viseu, Portugal

 

*Correspondence to:

 

http://doi.org/10.24873/j.rpemd.2018.06.223

 

Resumo

Objetivos: Identificar quais as tendências atuaisnas impressões em prótese total convencional realizadas nas pós-graduações em Prostodontia na Península Ibérica e determinar quais as técnicas e materiais de impressão são mais utilizados.

Métodos: Um questionário onlinefoi enviado a todos os responsáveis de pós-graduações no âmbito da Prostodontiana Península Ibérica que incluíam nos seus programas curriculares o ensino e a reabilitação clínica com prótese total removível. O questionário foi constituído por 24 perguntas, divididas em duas partes: impressões preliminares e impressões definitivas.

Resultados: Conseguiu-se um total de 17 respostas, correspondendo a 89,5% da população-alvo. A maioria das pós-graduações portuguesas afirmaram utilizar, nas impressões preliminares, moldeirasmetálicas standard para desdentados (83.3%), enquanto queem Espanha utilizavam moldeiras metálicas standard (72.7%). O material escolhido para as impressões preliminares foi o alginato. A técnica mais utilizada nas impressões definitivas em ambos os países é a técnica funcional. Todas as pós-graduações realizavam selamentoperiférico na moldeiraindividual, sendo a godiva o material escolhido. O material mais utilizado para a realização das impressões definitivas foi o polivinilsiloxano (46.7%). Metade das pós-graduações afirmaramter especial consideração pelo tecido flácido. A maioria das pós-graduações não refere aconselhar os pacientes a não utilizar as suas próteses nas 24 horas anteriores à realização das impressões definitivas (82.4%).

Conclusão: Em grande parte, as técnicas e materiais utilizados foram semelhantes entre Portugal e Espanha. A grande maioria das técnicas e materiais utilizados na Península Ibérica foram semelhantes ao encontrado em pós-graduações na área de Prostodontia nos Estados Unidos da América.

Palavras-chave: Ensino médico-dentário graduado, Materiais de impressão dentários, Prótese dentária, Prótese total, Técnica de impressão dentária

 

Abstract

Objectives: To identify the current trends in impressions for conventional complete dentures made in postgraduate programs in Prosthodontics in the Iberian Peninsula, and to determine which are the most used techniques and materials.

Methods: A survey was sent to directors of post-graduations in Prosthodontics in the Iberian Peninsula whose programs included the teaching and clinical rehabilitation of complete removable dentures. This survey comprised 24 questions divided into two parts: preliminary impressions and definitive impressions.

Results: A total of 17 responses wasobtained, corresponding to a response rate of 89.5%. Regarding preliminary impressions, most of the Portuguese post-graduations used standard metallic trays for edentulous cases (83.3%), while most of the Spanish ones used standard metallic trays (72.7%). The material of choice for the preliminary impressions was alginate. The technique most often used for definitive impressions was the functional technique in both countries. All post-graduations border molded the custom tray, and the modeling plastic impression compound was the material of choice. The impression material most used for definitive impressions was polyvinylsiloxane (46.7%). Half of the post-graduations affirmed having special considerations for flabby tissue. Most programs did not advise their patients not to wear their existing denture for at least 24 hours before the definitive impressions were made (82.4%).

Conclusion: The techniques and materials used were mostly similar in Portugal and Spain. Also, most of the techniques and materials used in the Iberian Peninsula were similar to those in the postgraduate prosthodontic programs in the United States of America.

Keywords: Graduate dental education, Dental impression materials, Dental prosthesis, Complete denture, Dental impression technique

 

Introdução

A necessidade do uso de próteses dentárias removíveis continua a aumentar em consequência da privação de cuidados orais e do envelhecimento da população. 1, 2

Numa perspetivahistórica os materiais e técnicas para a sua elaboração foram evoluindo, de forma a conseguir‑se uma boa retenção, suporte e estabilidade, levando a um melhor conforto e adaptação. 3, 6

Para isso torna‑se necessário a realização de uma impressão preliminar adequada, a realização de moldeiras individuais, a realização de selamentoperiférico e uma boa impressão definitiva da cavidade oral com os diversos materiais disponíveis como pasta zinquenólica, poliéter, polivinilsiloxano, alginato, entre outros. 4, 7, 8 Podem ser ainda utlizadas várias técnicas, como a mucostática, pressão seletiva e funcional.8

Existem ideias divergentes no que concerne aos materiais e técnicas de impressão, mas é consensual a utilização de duas fases de impressão em ambiente universitário, como é demostrado por inúmeros questionários realizados. 4, 9, 12 Este tipo de questionário é aplicado na sua maioria a estudos pré‑graduados de Medicina Dentária nos Estados Unidos da América (EUA), não havendo conhecimento deste tipo de estudo no nosso país ou mesmo na Península Ibérica.4

Este estudo teve como objetivosanalisar as tendências de materiais e técnicas utilizadosna elaboração de próteses totais removíveis pelas pós‑graduações em prostodontiada Península Ibérica; verificar a existência ou não de diferenças significativas entre Portugal e Espanha nas técnicas e materiais utilizados; e demonstrar a existência de semelhanças entre os protocolos destas universidades com os protocolos de Universidades de outras regiões/países, nomeadamente nos EUA.

Materiais e métodos

Para a realização deste estudo, foi elaborado um questionário online em língua inglesa (Apêndice), dividido em duas partes (impressões preliminares e impressões definitivas), com 24 questões no total, adaptando à realidade do objetode estudo algumas das questões efetuadas no estudo de Mehraetal.4

Foram, ainda, adicionadas algumas questões.

Este questionário foi enviado a todos os regentes/coordenadores/ diretores de pós‑graduações na área de Prostodontia em Universidades, na Península Ibérica, que incluem nos seus programas curriculares o ensino e a reabilitação clínica com prótese total removível, tendo assumido um caráteranónimo e confidencial.

Para a seleçãodas pós‑graduações, foi feita uma avaliação dos planos curriculares das pós‑graduações universitárias existentes na Península Ibérica.

O questionário foi enviado para um total de 16 Universidades, sendo 4 portuguesas (3 públicas e 1 privada) e 12 espanholas (10 públicas e 2 privadas). Devido ao facto de algumas Universidades possuírem mais que uma pós‑graduação que se incluía nos parâmetros deste estudo, foram enviados um total de 19 questionários.

As pós‑graduações que se enquadravam no estudo foram analisadas segundo as seguintes variáveis: nacionalidade; material de impressão utilizado nas impressões preliminares; técnica utilizada nas impressões definitivas; realização, técnica e material de selamento periférico nas impressões definitivas; e técnicas de localização dos bordos das moldeirasindividuais e material utilizado na sua confeção.

Os dados obtidos foram introduzidos no programa IBM SPSS Statistics, v.20, através do qual se efetuoua análise estatística descritiva e inferencial, recorrendo ao teste não paramétrico do qui‑quadrado tendo‑se tido em conta o teste exatode Fisher. O nível de significância escolhido foi de p <0,05.

Resultados

Neste estudo, conseguiu‑se uma taxa de resposta de 89,5%, proveniente de 17 pós‑graduações, 6 de Universidades Portuguesas e 11 de Universidades Espanholas.

Para as impressões preliminares, das pós‑graduações portuguesas, 83,3% utilizaram moldeirasmetálicas standard para desdentados, contudo em Espanha, 72,7% utilizaram moldeirasmetálicas standard (Figura 1). Em relação ao selamentoperiférico, apenas uma pós‑graduação portuguesa afirmou realizar este procedimento, registando todas as zonas em simultâneo, utilizando cera. O alginatofoi o material utilizado por todas as pós‑graduações para estas impressões, portanto sem possibilidade de aferição estatística.

 

 

A técnica funcional foi a mais utilizada nas impressões definitivas (Figura 2), não havendo diferença estatisticamente significativa (p=1) entre estas técnicas e a nacionalidade das pós‑graduações.

 

 

O material mais utilizado para o fabrico da moldeiraindividual, nas pós‑ graduações da Península Ibérica, foi uma resina acrílica fotopolimerizável (Triad®Dentsply, à base de uretano dimetracrilato) (Figura 3), não existindo diferença estatisticamente significativa (p=1) entre o material utilizado e a nacionalidade das pós‑graduações. Os bordos da moldeiraindividual eram predominantemente determinados nos modelos preliminares (66,7%), utilizando referências anatómicas como guias, contudo as diferenças estatísticas, entre a nacionalidade das pós‑graduações e a forma como são determinados estes bordos, não foi significativa (p=1). Em Portugal, 83,3% das pós‑graduações uti-lizavamum espaçador para o fabrico das moldeirasindividuais, o que não se verificou em Espanha, onde a maior parte não utilizava (Figura 4). A colocação de stops nestas moldeirasnão era realizada por cerca de 70% das pós‑graduações ibéricas.

 

 

 

Todas as pós‑ graduações afirmaram realizar selamentoperiférico nas impressões definitivas, sendo que em Espanha a grande maioria realizava este procedimento em secções, utilizando godiva, e em Portugal houve uma divisão igualitária entre o registo em secções com godivae o registo em simultâneo com polivinilsiloxano (Figura 5 e 6). Não houve diferença significativa entre a nacionalidade das pós‑graduações e a técnica de selamentoperiférico (p=0,099), nem em relação ao material utilizado (p=0,280). De entre as pós‑ graduações que utilizavam polivinilsiloxano, em Portugal apenas era utilizada a viscosidade média, já em Espanha distribuíram‑ se pelo uso de outras viscosidades (Figura 7).

 

 

 

 

Sobre a realização de orifícios de escape, em Portugal, as respostas dividiram‑ se de igual forma. Já em Espanha, 72,7% afirmaram não o fazer (Figura 8).

 

 

Como materiais de impressão, em Espanha existiu uma igual distribuição entre o uso de pasta zinquenólica, polissulfeto e polivinilsiloxano, sendo que em Portugal só foi referido o uso de polivinilsiloxanoe poliéter. Nenhuma pós‑graduacãoreferiu o uso de alginatonesta fase (Figura 9).

 

 

Relativamente às viscosidades de polivinilsiloxanoou poliéterutilizadas, a viscosidade light foi a mais assinalada pelas pós‑graduações portuguesas, sendo que nas espanholas houve uma repartição por light/extra light, média, e puttye light(Figura 10).

 

 

Para corrigir um pequeno erro na impressão, 64,7% das pós‑graduações da Península Ibérica afirmaram não utilizar nenhum material corretivo, não havendo uma diferença estatisticamente significativa (p=1) entre a nacionalidade e a realização ou não deste procedimento. Os restantes, 35,3%, dividiram‑se pela utilização de diversos materiais e consistências (Figura 11).

 

 

Em relação ao tecido flácido, quando considerado, as pós‑graduações portuguesas dividiram‑se pela redução selectiva ou pela realização de uma janela, nas moldeiras individuais. Em Espanha a maioria afirmou utilizar um espaçador no modelo (Figura 12).

 

 

Para a localização do bordo posterior, em Espanha passou pela marcação arbitrária do modelo (66,7%), já em Portugal houve uma distribuição igualitária entre marcar intra‑oralmente transferindo para a impressão definitiva e marcar arbitrariamente no modelo, todavia não houve diferença estatisticamente significativa (p=0,622) entre a nacionalidade das pós‑graduações e a técnica utilizada. O mesmo se passou na determinação da profundidade do selamentoposterior do palato, onde Espanha na sua maioria afirmou determinar arbi-trariamente(70%), enquanto Portugal de dividiu de igual forma entre arbitrariamente e o uso do brunidor.

Em 82,4% das pós‑graduações os pacientes não são, por rotina, aconselhados a não utilizar as suas próteses antigas pelo menos nas 24h anteriores às impressões definitivas serem realizadas (Figura 13).

 

 

Discussão

Considera‑ se vantajoso o facto de a amostra incluir os dois países da Península Ibérica, no entanto, houve uma importante limitação deste estudo derivada da falta de algumas respostas a certas perguntas, o que pode ter tido influência na possível inferência estatística.

Este estudo recolheu e analisou separadamente os procedimentos e materiais utilizados na realização das impressões preliminares dos utilizados nas impressões definitivas.

A realização de uma prótese total que cumpra os requisitos mínimos de suporte, estabilidade e retenção depende muito das impressões que são efetuadas, não só a nível da técnica, como do material de impressão.

Nas pós‑graduações portuguesas, a moldeirastandardpara desdentados foi a mais utilizada, como também verificado no estudo similar de Mehraetal.4

Sobre a realização de selamentoperiférico nas impressões preliminares, apenas uma pós‑graduação portuguesa afirmou realizar este procedimento, utilizando cera. O mesmo se passa no estudo de Mehraetal.4 A cera tem a vantagem de ser fácil de manipular e de se separar do modelo de gesso. 4, 13

Contudo, existe a possibilidade de distorção ou deslocamento da cera durante a inserção ou remoção da moldeirada cavidade oral. 4, 7

Todos os participantes, deste estudo, afirmaram utilizar alginato para a impressão preliminar, semelhante ao verificado em diversos artigos científicos. 4, 9, 12, 14, 15 No entanto, em estudos realizados na Índia e no Paquistão, a godivaé também utilizada. 16, 17 Esta tem caído em desuso, devido à sua dificuldade de manuseamento e tempo de trabalho requerido, por oposição ao alginato. 5, 8, 17 - 21

Nas impressões definitivas verificou‑se que a técnica de impressão mais utilizada foi a funcional, seguida das técnicas mucostáticae de pressão seletiva. Este resultado difere da literatura, onde a técnica de pressão seletivaé a mais utilizada. 4, 17, 22 Esta técnica permite que se realize pressão em determinadas áreas previamente selecionadas. 4, 22, 23 Estas diferenças estarão certamente relacionadas com a escolha do material de impressão, do espaçamento utilizado, do biótipo dos tecidos moles de suporte e das preferências profissionais. 24, 26

As moldeirasindividuais para a realização de impressões definitivas, podem ser realizadas em diversos materiais. Neste estudo, verificou‑se que o material mais utilizado para a sua confeçãofoi o Triad®Dentsply, uma resina acrílica fotopolimerizável.

Da mesma forma, a grande maioria dos estudos com inquéritos em Universidades relataram usar este material. 4, 12, 22

Este facto poderá dever‑se à facilidade de manipulação e ao tempo de trabalho disponível. 4, 19

A maioria afirmou utilizar espaçadores em moldeiras individuais. Todavia, em Espanha apenas 36,4% o fazem. Tal como em Portugal, o mesmo se verifica em diversos outros países. 4, 14, 16, 22 Apesar disso, no Paquistão, Médicos Dentistas Generalistas não utilizam, já Médicos Dentistas Especialistas preferiam o uso de espaçador.17 O seu uso nestas moldeirasleva a uma redução da pressão exercida sobre as cristas alveolares.27

Em relação à colocação de stops e orifícios de escape nas moldeiras individuais, a maioria das pós‑graduações Ibéricas não realizava nenhum dos dois. Porém, em Portugal, 50% realizava orifícios de escape. A literatura demonstra que a maioria não realiza stops, mas realiza orifícios de escape. 4, 22 O uso destes orifícios de escape, depende do material de impressão utilizado e permite um alívio seletivo dos tecidos, bem como uma saída para o excesso de material, havendo assim uma espessura uniforme, o que aumenta a precisão das impressões definitivas. 17, 22

O selamentoperiférico na impressão definitiva foi um procedimento realizado por todas as pós‑graduações Ibéricas, sendo que este procedimento era realizado em secções na sua maioria, semelhante ao descrito na literatura. 4, 10 Contudo, em Portugal, 50% realiza o procedimento em simultâneo. A variação na realização deste procedimento poderá estar relacionada com o facto de se estar em ambiente universitário, num sistema de aquisição de competências técnicas.

Neste estudo, 70,6% das pós‑graduações responderam utilizar godivapara o selamentoperiférico, sendo que os outros 29,4% relataram o uso de polivinilsiloxano. No entanto, houve uma divisão igual pelos dois materiais nas pós‑graduações portuguesas. O uso de godivapara a realização do selamentoperiférico está de acordo com as prevalências verificadas noutros países, entre 64% e 100%. 4, 9, 10, 15, 22 Contudo, segundo a literatura, é possível verificar que existe um aumento do uso de elastómeros, ao longo dos anos. 5, 10, 28 Estes materiais são mais fácies de trabalhar e têm um tempo de trabalho que facilita a utilização clínica, o que pode justificar maior percentagem de utilização de polivinilsiloxano verificada em Portugal, comparativamente com Espanha. 4, 15, 22

Para a realização da impressão definitiva, o polivinilsiloxano foi o material de impressão mais escolhido, indo de encontro ao verificado nos EUA. 4, 10 Diversos estudos realizados em diferentes países a Médicos Dentistas Generalistas e a cursos pré‑graduados demonstram diferentes preferências na escolha de material de impressão definitiva, como verificado em Espanha neste estudo. 9 - 11, 14 - 17, 22, O uso de pasta zinquenólicae polissulfeto tem vindo a ser substituído por materiais elastoméricos, como polivinilsiloxanoou poliéter. 17, 22 Estes possuem a grande vantagem de manterem o detalhe dimensional ao longo de bastante tempo.10

Caso as impressões definitivas possuíssem pequenos defeitos, apenas 35,3% dos responsáveis das pós‑graduações Ibéricas utilizavam um material de correção, sendo que destes, todos utilizavam o material de impressão definitiva como material corretivo. Este resultado não está em concordância com a literatura, onde 88% das pós‑graduações dos EUA indicam usar um material corretivo.4

A presença de tecidos flácidos é um fatorimportante a ter em conta nas impressões realizadas na cavidade oral. Das pós‑graduações deste estudo, metade referiu ter especial atenção a este aspeto, sendo que o método de alívio mais utilizado foi o uso de espaçador. No entanto, nas pós‑graduações portuguesas, dividiu‑se pela redução seletivada moldeira individual, e pela realização de uma janela. Segundo o estudo realizado por Mehraetal., 97% das pós‑graduações em Prostodontia têm especial atenção a tecidos flácidos, sendo o método mais utilizado o uso de uma janela na moldeiraindividual.4

A marcação arbitrária no modelo foi o método escolhido pelas pós‑graduações Ibéricas para a localização do bordo posterior.

Para a determinação da profundidade do selamentoposterior do palato, mais de metade das pós‑graduações afirmaram determiná‑laarbitrariamente. Porém, as pós‑graduações portuguesas também optaram pela utilização de um instrumento tipo brunidor em boca. Contrariamente ao verificado neste estudo, nos EUA o método escolhido para localizar o bordo posterior foi através da sua marcação intra‑oral, utilizando o brunidor para a determinação da profundidade do selamentoposterior.4 Segundo alguns autores, a marcação arbitrária no modelo é pouco precisa, podendo levar a defeitos na retenção e estabilidade da futura prótese total.17

Contrariamente ao verificado na literatura, a maioria das pós‑graduações Ibéricas não aconselhava os pacientes a não utilizar as suas próteses antigas 24h antes da realização das impressões definitivas.4

Conclusão

Apesar de algumas limitações, (decorrentes da falta de respostas a determinadas perguntas), que podem ter tido influência na possível inferência estatística dos resultados deste questionário,foi possível verificar:

– Na sua maioria, as técnicas e materiais utilizados foram semelhantes entre Portugal e Espanha.

– Não se verificaram diferenças estatisticamente significativas entre estes países para nenhuma técnica ou material utilizado. No entanto, verificou‑se que existem algumas diferenças, como por exemplo, quanto ao tipo de moldeirautilizada nas impressões preliminares e quanto ao material utilizado para a realização das impressões definitivas.

– A grande maioria das técnicas e materiais utilizados na Península Ibérica foram semelhantes ao encontrado em pós‑ graduações na área de Prostodontianos EUA.

 

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*Corresponding author:

Ana M. Amorim

Correio eletrónico: anamargaridacamorim@gmail.com

 

Responsabilidades éticas

Proteção de pessoas e animais. Os autores declaram que para esta investigação não se realizaram experiências em seres humanos e/ou animais.

Confidencialidade dos dados. Os autores declaram que não aparecem dados de participantes neste artigo.

Direito à privacidade e consentimento escrito. Os autores declaram que não aparecem dados de participantes neste artigo.

 

Conflito de interesses

Os autores declaram não haver conflito de interesses.

 

Apêndices

O conteúdo suplementar associado a este artigo pode ser encontrado, na versão online, em http://doi.org/10.24873/j.rpemd.2018.06.223

 

Historial do artigo:

Recebido a 19 de Fevereiro de 2018

Aceite a 15 de Junho de 2018

On-linea 28 de Junho de 2018