Resumo

Introdução: Os processos de inflamação crónica como a cárie dentária provocam a obliteração do sistema de canais radiculares, o que pode constituir um problema com a localização e manipulação do canal durante o tratamento endodôntico. Descrição do Caso Clínico: Paciente do sexo masculino, 40A, foi referenciado em Setembro de 2013 para tratamento endodôntico não cirúrgico do dente 35 após tentativa de acesso ao canal. Apresentava-se com sintomatologia dolorosa espontânea e foi estabelecido o diagnóstico de necrose pulpar e periodontite apical aguda. Sem antecedentes relevantes na história médica. Procedeu- se à remoção de todo o tecido cariado e acesso ao canal com pontas ultrassónicas Start-X com recurso à ampliação por meio de lupas. O glidepath foi efetuado com limas manuais e PathFile. O canal foi preparado quimicomecanicamente utilizando o sistema Protaper Universal e irrigação com hipoclorito de sódio 5,25%. A obturação foi realizada com guta-percha e TopSeal pela técnica híbrida de Tagger. Após controlo de 3 anos, o dente encontra?se assintomático e em função. Discussão e Conclusões: A localização e negociação dos canais calcificados são considerados um grande desafio durante a abordagem endodôntica. Na tentativa de localização dos canais podem ocorrer erros de procedimento, como perfurações, fraturas de instrumentos e desvios do trajeto original do canal. Atualmente, vários recursos clínicos são utilizados para auxiliar estes procedimentos, como radiografias, meios de ampliação e ultrassons. A maioria da literatura não apoia a intervenção endodôntica a menos que seja detetada patologia apical ou sintomatologia do dente envolvido, o que se verificou no caso descrito. A presença de obliteração canalar pode condicionar o resultado do tratamento endodôntico, já que o sucesso do tratamento depende do adequado desbridamento e desinfeção do sistema de canais radiculares e exige do clínico conhecimento científico e domínio da técnica de abordagem deste tipo de situações.