Resumo

Objetivos: Determinar a prevalência de bruxismo dentário, do tipo vigília e do sono, em indivíduos com diagnóstico de paralisia cerebral, avaliando os diversos fatores e comorbilidades associadas. Materiais e métodos: Foram selecionadas seis instituições para indivíduos com necessidades especiais, sendo a amostra constituída por 110 indivíduos com paralisia cerebral. A recolha de dados foi realizada através da consulta do processo clínico do utente existente na instituição, pela observação clínica e pelos dados fornecidos pelos pais/tutores legais ou pelo próprio. O diagnóstico de bruxismo do sono teve por base os critérios de diagnóstico propostos pela Academia Americana de Medicina do Sono, em 2001. Resultados: A população estudada foi maioritariamente do género masculino (52,7%), com uma média de idades de 42,9~13,61. No geral, 74,5% dos indivíduos apresentaram bruxismo, sendo 16,4% bruxismo de vigília e 14,5% bruxismo do sono. Quando avaliada a relação do bruxismo com o tipo de paralisia cerebral, o tipo espástico foi o mais comum (75%), não sendo, no entanto, significativo estatisticamente. Não foram verificadas associações significativas do bruxismo com o tipo de localização, com a deficiência intelectual e sensorial, presença de epilepsia, presença de movimentos involuntários e medicação. Por outro lado, quando avaliada a presença de facetas de desgaste e o seu brilho foi verificada uma associação significativa, sendo que, através da regressão logística, constatou? se que o brilho é significativo na previsão do bruxismo. Conclusões: Com base na elevada prevalência de bruxismo na amostra, verificou?se uma necessidade urgente para a implementação de opções de tratamento para esta patologia em indivíduos com paralisia cerebral. São necessários mais estudos com protocolos de diagnóstico padronizados e amostras representativas para avaliar os fatores que influenciam a presença dos vários tipos de bruxismo.