Resumo

Objetivos: O sucesso do tratamento endodôntico depende da desinfeção do sistema de canais radiculares. O conhecimento da anatomia mais comum desses canais, assim como as suas variações, torna?se fundamental para que os objetivos dessa mesma desinfeção sejam alcançados. Diversas metodologias têm vindo a ser empregues para o estudo da anatomia do sistema de canais radiculares, que vão desde radiografias, resultados clínicos, diafanização e, mais recentemente, técnicas tridimensionais como o tomografia computadorizada de feixe cónico (CBCT) ou a micro tomografia computorizada (micro? CT). Tendo em conta que o primeiro molar inferior é o dente mais submetido a tratamento endodôntico, torna? se ainda mais importante o seu conhecimento anatómico interno. O objetivo principal deste estudo é analisar a configuração mais comum, e possíveis variações, da anatomia canalar do primeiro molar inferior segundo a nomenclatura descrita por Vertucci (1984). Para isso foi revista, de um modo sistemático, a literatura cujos estudos de anatomia recorressem a técnicas de diafanização, CBCT ou micro?CT. Como objetivo secundário, procurou? se realizar a ilustração de algumas configurações anatómicas identificadas, recorrendo à reconstrução tridimensional de amostras analisadas em micro?CT. Materiais e métodos: Foi efetuada uma pesquisa nos motores de busca de duas bases de dados primárias (PubMed e ScienceDirect), em Julho de 2017, com a seguinte conjugação de termos: (molar) AND (Vertucci) AND (CBCT OR clearing OR micro? CT), sem filtros ou restrição de linguagem, para artigos publicados a partir de 1974. Os títulos e resumos dos trabalhos identificados foram revistos e selecionados os estudos pertinentes. Para esses foram lidos os manuscritos e feita a revisão das referências bibliográficas em busca de novos trabalhos. Resultados: Foram incluídos 20 estudos resultando numa amostra de 4824 primeiros molares inferiores permanentes. Os tipos de anatomia canalar mais frequentes foram os tipos IV (59,1%), II (23,8%) e I (17,6%) para a raiz mesial, e tipos I (54,8%), II (19,2%) e IV (11,6%) para a raiz distal. Conclusões: Estudos sobre a anatomia canalar recorrendo a técnicas 3D são capazes de fornecer informações importantes sobre a morfologia e configuração interna do sistema de canais. Quando abordando endodonticamente o primeiro molar inferior, o clínico pode esperar alguma variabilidade anatómica em ambas as raízes.