Resumo

Objetivos: Atendendo à enorme variedade de produtos alimentares comercialmente disponíveis para bebés torna- se relevante explorar o seu potencial cariogénico tendo sido, para esse efeito, conduzida uma pesquisa da composição de uma amostra desses mesmos produtos e a sua posterior análise descritiva. Materiais e métodos: Foi executado um levantamento comercial, previamente autorizado, recorrendo- se a consulta direta dos rótulos ou da informação disponível na página oficial dos fabricantes, avaliando- se a composição de 195 produtos, subdivididos em 4 categorias: papas, leites, boiões de fruta e iogurtes. Cada produto foi apreciado em diversos parâmetros composicionais e posteriormente foi feita uma análise estatística descritiva dos mesmos. Resultados: Do levantamento comercial foi possível constatar que as papas representaram a categoria com maior teor de hidratos de carbono (e açúcares), seguidas pelo leite e boiões de fruta, estando os iogurtes na categoria com menor teor deste tipo de componentes. A quantidade máxima de hidratos de carbono foi 93g/100g de produto (papa) – Farinha láctea sem glúten 1.ª papa (Nutribén®) e a mínima 8,5g/100g de produto (boião de fruta) – Boião fruta pêra frutapura (Bledina ®). Dos restantes componentes composicionais destacaram?se vitaminas, sal, fibras, lípidos e proteínas, como os mais comuns. As proteínas encontravam- se presentes na totalidade dos produtos analisados. No referente aos diversos tipos de açúcar, o amido foi o mais frequentemente encontrado na amostra e a maltodextrina a menos frequente. Conclusões: Hábitos alimentares inadequados, ainda que conjugados com outro tipo de fatores, parecem ser uma importante condicionante no desenvolvimento precoce de cárie. Para substituir, complementar ou dar continuidade à amamentação, idealmente exclusiva pelo menos nos 6 primeiros meses de vida, os cuidadores optam muitas vezes por produtos alimentares comercializados para bebés, desconhecendo que muitos dos quais ricos em hidratos de carbono altamente cariogénicos. Os resultados deste estudo vão ao encontro do que está descrito na literatura; desta forma será desejável alertar massivamente cuidadores e profissionais de saúde para esta realidade enfatizando a necessidade de que as recomendações recaiam sobre os produtos com menor quantidade de hidratos de carbono, dando início ao estabelecimento de hábitos alimentares mais saudáveis e menos influentes negativamente, a nível oral e sistémico.