Resumo

Introdução: Na generalidade, as sobredentaduras sobre implantes aumentam o suporte, a retenção e a estabilidade da prótese removível convencional, permitindo melhoria da função mastigatória, da estética, da fonética e do conforto do paciente. Apesar de diversas vantagens também possuem condicionantes, nomeadamente o risco de desenvolvimento de complicações biológicas peri- implantares, das quais muito frequente é a peri- implantite, que poderá colocar em risco a viabilidade dos implantes dentários. Alguns autores advogam que estas complicações biológicas possam ter como base um componente genético, que em conjunto com outros fatores etiológicos condicionem uma suscetibilidade elevada para um desfecho adverso, nomeadamente em peri- implantites nos implantes que suportam as sobredentaduras. Os autores objetivam alertar os profissionais da área da reabilitação oral para a importância da ponderação dos fatores etiológicos no desenvolvimento de peri-implantites em sobredentaduras, salientando o papel do background genético. Descrição do caso clínico: Caso clínico de paciente, do sexo feminino, de 74 anos de idade reabilitada com sobredentadura total superior sobre 4 implantes, prótese removível parcial inferior no 4.º quadrante, prótese fixa sobre 3 implantes no 3.º quadrante, mantendo a presença dos dentes naturais 41,42,43,44, 31, 32 e 33. A paciente apresentava peri- implantite em todos os implantes da sobredentadura maxilar e num implante mandíbular. Perante o cenário clínico, realizou-se um teste genético de suscetibilidade que revelou um resultado positivo de homozigotia para os polimorfismos nos genes IL1A? 889 e IL1B 3953. Discussão e conclusões: Apesar das elevadas taxas de sobrevivência dos implantes dentários, as complicações biológicas nas sobredentaduras sobre implantes ocorrem numa determinada percentagem de casos, sendo que algumas são relativamente minor e fáceis de resolver, mas outras são mais significativas, podendo resultar em perda de implantes, falha da reabilitação protética, e ocasionalmente em perda tecidular severa na área do implante. O médico dentista reabilitador deverá ponderar a possibilidade de realizar um teste genético de suscetibilidade quando as complicações se repetem e os outros fatores etiológicos se encontram descartados.