Resumo

Introdução: O tratamento cirúrgico para a ablação de tumores malignos na maxila pode resultar em comunicações oro-antrais severas, resultando numa diminuição da capacidade de fonação e mastigação, comprometendo também a estética. Na maioria dos casos, as próteses obturadoras conferem ao paciente uma melhoria da qualidade de vida e da sua auto-estima. Descrição do caso clínico: Uma paciente do sexo feminino, de 66 anos, com uma desdentação parcial extensa resultante da cirurgia maxilo-facial após um carcinoma do osso zigomático, em 2013, recorreu à clínica da pós- graduação em reabilitação oral protética da FMUC em 2015, sem qualquer tipo de reabilitação protética. Apresentava um defeito unilateral, afetando o palato duro e mole e uma comunicação com a cavidade nasal, acompanhada de limitação da abertura bucal, por anquilose fibrótica da articulação temporomandibular (ATM). O principal objetivo da paciente era a reposição da função e eficácia mastigatória. Devido à limitação da amplitude de abertura bucal, foi necessário recorrer a cirurgia da ATM, resultando num aumento de amplitude de 20 para 34 mm. Dada a extensão do defeito e ao risco de introduzir material de impressão na comunicação, foi decidido utilizar uma a técnica de impressão digital com uma câmara intra-oral. Posteriormente, foi confecionado sobre o modelo obtido uma placa palatina (resina termo- plástica transparente) para obter uma impressão controlada da extensão do defeito e um registo intermaxilar, na mesma consulta. Com estas duas técnicas de impressão, obteve- se um modelo de trabalho através da técnica do modelo alterado, para a realização de uma prótese parcial esquelética com faces oclusivas em metal e um obturador oco em resina mole. Discussão e conclusões: A prótese obturadora consegue solucionar em parte os problemas dos pacientes com defeitos oro-maxilo-faciais, restituindo a estética e a função. O sucesso deste tipo de reabilitação protética depende de uma abordagem multidisciplinar com uma boa comunicação com o Cirurgião Maxilo-Facial, Fisioterapeuta e Técnico de Prótese. No caso concreto do obturador em resina mole, este deve ser substituído com regularidade sendo, por isso, de extrema importância controlos semestrais e o reforço na instrução e motivação higiénica. No caso clínico apresentado, o problema inicial da paciente foi colmatado, sendo que, com 6 meses de controlo a paciente refere ter deixado de se alimentar através de sonda, passando a comer qualquer tipo de refeição.