Revista Portuguesa de Estomatologia, Medicina Dentária e Cirurgia Maxilofacial
XXXVI Reunião Científica Anual da Sociedade Portuguesa de Ortodontia e Ortopedia Dento-Facial (SPODF) Leiria, 16 e 17 de maio de 2025 | 2025 | 66 (S1) | Page(s) 108
Caso ClÍnico
#SPODF2025-15 Ancoragem esquelética como auxiliar na correção da mordida profunda no tratamento com alinhadores
a Instituto Universitário Egas Moniz – Departamento de Ortodontia
Article Info
Rev Port Estomatol Med Dent Cir Maxilofac
Volume - 66
Supplement - S1
Caso ClÍnico
Pages - 108
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Article History
Received on 09/10/2025
Accepted on 09/10/2025
Available Online on 09/10/2025
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Resumo
Introdução: O tratamento com alinhadores pode ser uma opção viável para casos de exigência ligeira a moderada. Contudo, a sua previsibilidade é menor em movimentos ortodônticos complexos, como nos movimentos de translação, de extrusão e, particularmente de intrusão anterior. Assim, técnicas auxiliares de ancoragem esquelética temporária, como os micro- implantes, são fundamentais para obter resultados mais previsíveis. Pretende-se, com dois casos clínicos tratados com alinhadores, demonstrar a utilidade do uso de micro-implantes na previsibilidade da correção da mordida profunda. Descrição do caso clínico: Caso 1 – Paciente do sexo masculino, 23 anos, apresentava um perfil reto, padrão vertical mesodivergente, Classe II esquelética e incisivos inferiores proinclinados. Verificava- se uma relação sagital molar e canina direita neutra e uma relação canina esquerda distal. A linha média superior estava desviada 1,5mm à direita, com um trespasse vertical incisivo de 6,5 mm, um trespasse horizontal de 3 mm e curva de Spee ligeira. Foi planificado um tratamento ortodôntico integral com recurso a alinhadores. Para a correção da mordida profunda foram colocados dois micro-implantes interradiculares (6 mm), posicionados por vestibular entre os incisivos centrais e laterais superiores, e conectados a recortes nos alinhadores na região palatina dos incisivos centrais superiores através de elásticos 1/8 3.5oz. Caso 2 – Paciente do sexo masculino, 24 anos, apresentava um perfil convexo, com retrognatismo mandibular, classe II esquelética e um padrão esquelético vertical hipodivergente. Na avaliação das arcadas, verificava-se uma neutroclusão molar e canina, com curva de spee ligeira e incisivos inferiores proincliados. O paciente apresentava trespasse horizontal de 2 mm, trespasse vertical aumentado de 6 mm e as linhas médias dentárias coincidentes com a linha média facial. Foi realizado um tratamento ortodôntico integral com alinhadores, tendo-se recorrido a dois micro-implantes interradiculares (6 mm) para correção do trespasse vertical, recorrendo-se ao protocolo referido no caso anterior. Em ambos os casos, foi possível obter um trespasse vertical incisivo dentro da normalidade. Discussão: O tratamento da mordida profunda severa com alinhadores pode ter previsibilidade reduzida. Para melhores resultados, é essencial compreender a biomecânica dos alinhadores, as suas limitações e recorrer a técnicas auxiliares, como dispositivos de ancoragem esquelética temporária e elásticos, para um melhor controlo dos movimentos verticais de intrusão anterior. Embora estéticos e confortáveis, os alinhadores podem exigir refinamentos e técnicas adicionais para atingir resultados semelhantes aos dos aparelhos fixos em casos que exigem movimentos mais complexos. Conclusões: A utilização de técnicas auxiliares, como os micro-implantes, é fundamental para alcançar resultados satisfatórios na correção de mordidas profundas severas com alinhadores dentários.