Resumo

Introdução: A abordagem multidisciplinar é essencial para alcançar resultados funcionais e estéticos satisfatórios em casos clínicos complexos. A ortodontia, em conjunto com a cirurgia maxilo facial e periodontologia, dentisteria e prostodontia, desempenha um papel fundamental no tratamento de pacientes que apresentam desarmonias dentofaciais, comprometimentos periodontais e necessidades reabilitadoras (1,2, 3, 4). Este caso clínico descreve a reabilitação de um paciente que necessitava de correção ortodôntica e ortognática com classe II esquelética e dentária. Dessa forma, a sinergia entre essas especialidades possibilitou um plano de tratamento integrado e personalizado, garantindo um prognóstico favorável e um resultado previsível e duradouro. Descrição do caso clínico: A paciente de 40 anos dirigiu-se à clínica com o intuito de obter tratamento dentário para resolução do problema funcional e estético que apresentava. Relata que aos 16 anos teve bulimia, o que resultou numa grave erosão dentária de classe III e perda de dimensão vertical, bem como o colapso do plano oclusal. O exame intraoral em conjunto com o exame radiografico demonstraram a perda do dente 26 que resultou na migração e inclinação do dente 27, fratura coronal do dente 45 e consequente extrusão do dente 15, infecção periapical no dente 46 e impactação do dente 48. Devido há erosão intrínseca e há discrepância esquelética, houve um encurtamento da coroa anatómica dos dentes expresso num sorriso gengival esquelético com exposição de 4mm e sobremordida horizontal de 7 mm e vertical de 0 mm. A paciente demonstra uma má oclusão de Classe II divisão 1 de Angle. Adicionalmente, relata-se a existência de problemas articulares com deslocamento da ATM bilateralmente com redução. Discussão: O plano de tratamento seguido neste caso clínico demonstra uma abordagem multidisciplinar bem estruturada, visando a recuperação estética e funcional da paciente. A sequência terapêutica foi fundamental para garantir a previsibilidade dos resultados e a estabilidade a longo prazo. O tratamento ortodôntico foi uma escolha eficiente para o controle da movimentação dentária, permitindo a preparação ideal para a cirurgia ortognática. O uso de férulas e ganchos associados ao aparelho ortodôntico auxiliou na obtenção do posicionamento adequado dos dentes e da maxila, preparando a paciente para a correção cirúrgica bimaxilar. A cirurgia ortognática foi um marco fundamental no tratamento, pois permitiu a correção das discrepâncias esqueléticas, através de um avanço maxilar de 2mm com impactação anterior de 3mm e de um avanço mandibular de 7mm com auto-rotação. Após a fase cirúrgica, a continuação do tratamento ortodôntico foi essencial para o refinamento da oclusão e a estabilização dos resultados obtidos, bem como o alinhamento da estrutura dentária para a posição ideal, promovendo um resultado estético harmonioso e assegurando a capacidade de suportar as forças envolvidas na reabilitação total. A fase restauradora final envolveu procedimentos multidisciplinares dentro da medicina dentária, incluindo o alongamento coronário realizado pela periodontologia, a reabilitação coronal com facetas e coroas no âmbito da prostodontia, e a colocação de implantes conduzida pela cirurgia oral. Conclusões: Este caso reforça a importância de um planejamento interdisciplinar detalhado, onde ortodontia, cirurgia ortognática, endodontia, periodontia e prótese trabalharam de forma integrada para alcançar um sorriso harmonioso, funcional e estável para a paciente. Devolvendo a função, qualidade de vida e auto-estima à paciente.