Revista Portuguesa de Estomatologia, Medicina Dentária e Cirurgia Maxilofacial
XXXVI Reunião Científica Anual da Sociedade Portuguesa de Ortodontia e Ortopedia Dento-Facial (SPODF) Leiria, 16 e 17 de maio de 2025 | 2025 | 66 (S1) | Page(s) 105
Caso ClÍnico
#SPODF2025-12 Má oclusão classe II severa com impactação do 35, 43 e 45 – Caso clínico com guia canina alternativa
a Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa, Lisboa, Portugal
Article Info
Rev Port Estomatol Med Dent Cir Maxilofac
Volume - 66
Supplement - S1
Caso ClÍnico
Pages - 105
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Article History
Received on 09/10/2025
Accepted on 09/10/2025
Available Online on 09/10/2025
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Resumo
Introdução: É amplamente aceite na literatura científica que os caninos são os dentes mais apropriados para guiar a mandíbula durante os movimentos excursivos. Por esta razão, a extração de caninos definitivos é uma opção terapêutica incomum na Ortodontia. Ocasionalmente, estes dentes podem apresentar-se impactados e/ou com erupção ectópica severa, levando a que a sua extração seja equacionada. Descrição do caso clínico: Este trabalho descreve o caso de um paciente do género masculino com 11 anos de idade, má oclusão classe II severa, proinclinação excessiva dos incisivos superiores e trespasse horizontal de 12 mm. Apresentava falta de espaço grave na arcada mandibular, com os dentes 35, 43 e 45 impactados, sendo que o dente 43 se encontrava posicionado horizontalmente e em proximidade com os ápices dos dentes 44 e 42. Foi realizada uma primeira fase de tratamento com um aparelho funcional, seguida de aparatologia fixa bimaxilar multi-brackets com a extração dos dentes 14, 24, 35 e 43. No final do tratamento, o paciente apresentava classe I molar e canina bilateral, com a guia canina direita realizada pelo canino superior e pelo primeiro pré-molar inferior. Discussão: No paciente em crescimento, o tratamento da má oclusão de classe II dependerá da sua severidade, da falta de espaço, da existência de assimetrias intra-arcada e do perfil. O tratamento pode ser realizado sem extrações, com extrações de dois ou quatro pré-molares, ou com extrações de molares, podendo ainda existir casos que requerem extrações atípicas. A extração dos caninos é normalmente evitada por serem dentes ideais para realizar a guia canina. No caso apresentado, a extração do 44 e a tração e verticalização do 43 poderia ser problemática pela proximidade do canino com a raíz do 42, bem como pela sua proximidade com o dente 45 igualmente impactado, pelo que se optou pela extração do 43. O primeiro pré-molar inferior é um dente que, pela sua anatomia, se assemelha ao canino inferior, conseguindo substituir corretamente este dente na guia canina, caso seja obtida a correta intercuspidação e o trespasse vertical for o suficiente para desocluir os dentes posteriores. Conclusões: A oclusão final obtida comprova que os objetivos do tratamento foram alcançados, sendo por isso a extração do canino inferior, e consequente realização da guia canina com o primeiro pré-molar inferior, uma alternativa válida na prática ortodôntica quando assim se justifica.