Revista Portuguesa de Estomatologia, Medicina Dentária e Cirurgia Maxilofacial
XXXVI Reunião Científica Anual da Sociedade Portuguesa de Ortodontia e Ortopedia Dento-Facial (SPODF) Leiria, 16 e 17 de maio de 2025 | 2025 | 66 (S1) | Page(s) 103
Poster
#SPODF2025-10 Dilaceração radicular em incisivos maxilares inclusos: implicações ortodônticas
a Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa, Lisboa, Portugal
Article Info
Rev Port Estomatol Med Dent Cir Maxilofac
Volume - 66
Supplement - S1
Poster
Pages - 103
Go to Volume
Article History
Received on 09/10/2025
Accepted on 09/10/2025
Available Online on 09/10/2025
Keywords
Resumo
Introdução: Os incisivos maxilares inclusos associam-se frequentemente a dilaceração radicular, definida como uma angulação ou desvio entre a coroa e a raiz, sobretudo em casos de inversão da coroa. A dilaceração afeta 3,0%-3,8% dos dentes permanentes e aproximadamente 50% dos dentes com dilaceração ficam inclusos. A maioria dos estudos refere que a incidência é maior no sexo masculino. Os principais fatores etiológicos são o trauma agudo na dentição primária, o desenvolvimento ectópico do gérmen dentário ou obstruções mecânicas durante a erupção, como quistos, tumores, dentes supranumerários e a anquilose dos antecedentes decíduos. Este problema é tipicamente identificado durante a fase de dentição mista, altura em que o correto diagnóstico e a calendarização adequada dos procedimentos são críticos para o sucesso do tratamento. O objetivo deste trabalho é rever a prevalência e características clínicas da dilaceração radicular e suas repercussões no diagnóstico, tratamento e prognóstico de incisivos maxilares inclusos. Métodos: Procedeu-se a uma pesquisa avançada na MEDLINE através da PUBMED, em inglês, sem limite temporal, com a estratégia de pesquisa (dilacerated OR impacted OR unerupted) AND (incisor) com 971 resultados. Todos os artigos foram apreciados com base no título e resumo. Os artigos de casos clínicos foram excluídos, selecionando- se 29 artigos que abordam os temas dilaceração radicular e inclusão de incisivos maxilares. Resultados: Estudos mostram que a dilaceração é mais comum em casos de posição invertida da coroa e em idades dentárias tardias. A primeira opção de tratamento é a criação do espaço ortodôntico e tração do incisivo dilacerado, planeada com recurso a tomografia computadorizada de feixe cônico. O estudo sobre o sucesso das diferentes opções terapêuticas mostra que o tratamento precoce melhora o desenvolvimento e morfologia radicular, reduz a perda óssea alveolar labial e que a técnica cirúrgica fechada é superior à aberta. O tempo médio de tração aumenta com o grau de dilaceração, inclinação do dente, distância ao plano oclusal e a idade do doente. Incisivos com dilacerações tendem a ter maior reabsorção radicular durante a extrusão. Outras complicações são a anquilose, necrose pulpar, obliteração do canal pulpar, descoloração da coroa, exposição radicular e margem gengival inestética. Conclusões: A dilaceração radicular é mais comumente encontrada em incisivos invertidos e associa-se a maior risco de reabsorção radicular durante a extrusão ortodôntica e a tratamento mais prolongado. Na prática clínica, as imagens tridimensionais desempenham um papel importante no diagnóstico precoce de incisivos centrais maxilares inclusos e na elaboração de planos de tratamento adequados para os pacientes. Implicações clínicas: O tratamento de tração de incisivos inclusos com dilaceração radicular deve começar o mais cedo possível. O desenvolvimento e a morfologia dos dentes dilacerados devem ser avaliados com imagens tridimensionais.