Resumo

Introdução: O consumo de bebidas e géis energéticos aumentou drasticamente na população adolescente e adulta, sendo um fator de risco para o aparecimento de cáries, começando com a desmineralização e erosão do esmalte dentário. Isso se agrava em pacientes portadores de aparelhos ortodônticos. O objetivo desta revisão sistemática foi investigar o impacto que as bebidas e géis energéticos têm no esmalte dental em pacientes com e sem aparelhos ortodônticos. Métodos: Nesta revisão sistemática, os autores identificaram artigos relevantes listados no PubMed, Google Scholar e Scielo, utilizando termos de pesquisa relacionados a “géis desportivos”, “bebidas isotônicas”, “bebidas carbonatadas”, “bebidas energéticas” combinados com “dentes”, “dentes e ortodontia”, “ortodontia”. Os critérios de inclusão foram: adolescentes e adultos que não apresentassem nenhuma patologia. A busca foi definida para o período de 2015-2025. Os critérios de exclusão foram: trabalhos duplicados, estudos em animais não relevantes, estudos nos quais a metodologia não fosse suficientemente clara e revisões narrativas ou revisões sem dados estatísticos. Resultados: Da busca, foram obtidas 628 pesquisas. Após a eliminação de duplicados e leitura do conteúdo, restaram 26. Os achados dos estudos analisados podem ser interpretados à luz de teorias anteriores sobre a erosão dentária e a influência da dieta na saúde oral. A teoria da erosão ácida postula que a exposição prolongada a ácidos exógenos, presentes em bebidas como as energéticas e carbonatadas, gera uma desmineralização progressiva do esmalte dentário. Isso é consistente com os estudos revisados, nos quais a perda de esmalte é mais pronunciada com bebidas de baixo pH. Uma possível hipótese emergente é que o consumo frequente de bebidas desportivas não apenas contribui para a erosão dentária, mas também pode afetar a microflora oral, favorecendo o desenvolvimento de cáries devido à diminuição do pH oral e à proliferação de bactérias acidogênicas. Conclusões e Implicações clínicas: Embora na revisão não tenha sido encontrada uma relação direta entre as bebidas desportivas e a erosão dentária, é possível que o efeito protetor da saliva varie entre os indivíduos e dependa de fatores como a hidratação e a composição da dieta.