Revista Portuguesa de Estomatologia, Medicina Dentária e Cirurgia Maxilofacial
XLV Congresso Anual da Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentária (SPEMD) Figueira da Foz, 9 a 11 de outubro de 2025 | 2025 | 66 (S1) | Page(s) 31
Caso ClÍnico
#033 Queilite esfoliativa labial: a importância do diagnóstico diferencial
a Faculdade Ciências da Saúde da Universidade Fernando Pessoa (UFP-FCS), Grupo de Investigação DELEQOL: saúde
Article Info
Rev Port Estomatol Med Dent Cir Maxilofac
Volume - 66
Supplement - S1
Caso ClÍnico
Pages - 31
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Article History
Received on 09/10/2025
Accepted on 09/10/2025
Available Online on 09/10/2025
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Resumo
Introdução: A queilite esfoliativa é uma condição inflamatória crónica do lábio, caracterizada por descamação, formação de crostas, eritema e fissuras. Pode afetar qualquer idade, sendo mais comum em adolescentes e jovens adultos. A etiologia é multifatorial associando-se a fatores comportamentais, psicológicos e sistémicos. Um dos desafios na prática clínica é o diagnóstico diferencial, sendo necessário diagnosticar entre: queilite actínica, dermatite de contacto, queilite angular, queilite glandular ou dermatose autoimune. Descrição do Caso Clínico: Paciente do sexo feminino, 64 anos, apresenta lesão no lábio inferior com 3 meses de evolução. Foi encaminhada para o Programa de Intervenção Precoce de Cancro Oral (PIPCO) e acompanhada por uma equipa multidisciplinar. Na consulta de Medicina Dentária, realizou-se anamnese, avaliação extra e intra-oral, registo fotográfico e biópsia incisional. A paciente apresentava sensação de queimação, prurido, desconforto na região dos lábios e dificuldade em articular as palavras, associada a edema labial. Não apresentava perda da mobilidade do lábio, odinofagia e disfagia. Apresentava descamação crónica, com escamas secas e esbranquiçadas que se formavam e desprendiam continuamente, expondo uma superfície eritematosa e dolorosa, com formação de crostas. Apresentava áreas de eritema e edema e fissuras dolorosas nas linhas do lábio. O resultado histológico revelou mucosa revestida por epitélio pavimentoso estratificado com acantose, hiperqueratose de tipo ortoqueratótico, acentuada espongiose e exocitose de numerosos neutrófilos e linfócitos. No córion observou-se abundante infiltrado inflamatório de predomínio linfoplasmocitário. Não se observaram sinais de displasia ou de malignidade. No estudo histoquímico pelo método PAS-D não se observaram microorganismos fúngicos. O contexto clinico e a análise histo- patológica converge para o diagnóstico de queilite esfoliativa. A paciente encontra-se integrada numa consulta hospitalar para acompanhamento multidisciplinar. Discussão e Conclusões: Face à complexidade do diagnóstico diferencial, a avaliação da queilite esfoliativa deve incluir anamnese e exame clínico minuciosos e pode incluir exames complementares como biópsia, testes de Patch e culturas microbiológicas. A queilite esfoliativa é frequentemente um diagnóstico de exclusão, sendo crucial diferenciar de condições mais graves e garantir uma gestão adequada para evitar complicações graves.