Revista Portuguesa de Estomatologia, Medicina Dentária e Cirurgia Maxilofacial
XLV Congresso Anual da Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentária (SPEMD) Figueira da Foz, 9 a 11 de outubro de 2025 | 2025 | 66 (S1) | Page(s) 25
Caso ClÍnico
#027 Retratamento endodôntico não cirúrgico de dente comprometido com perfuração radicular
a Instituto Universitário Egas Moniz, Faculdade de Medicina Dentária da Universidade Lisboa
Article Info
Rev Port Estomatol Med Dent Cir Maxilofac
Volume - 66
Supplement - S1
Caso ClÍnico
Pages - 25
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Article History
Received on 09/10/2025
Accepted on 09/10/2025
Available Online on 09/10/2025
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Resumo
Introdução: O retratamento endodôntico não cirúrgico consiste numa abordagem conservadora, contudo, determinados fatores podem comprometer o seu prognóstico, criando desafios no planeamento e realização do tratamento. Este caso clínico apresenta uma abordagem de retratamento num dente com perfuração radicular e extensa perda óssea e estrutural. Descrição do Caso Clínico: Paciente de 35 anos, do género feminino, com ausência de patologias e medicação crónica. Apresentava fístula a distal do dente 46 sem sintomatologia – tratado há menos de 5 anos com coroa e espigão com falso coto fundido. Na radiografia detetou- se uma lesão apical na raiz distal, obturação canalar insuficiente, desadaptação da restauração e extensão excessiva do espigão no canal distal. O teste de percussão estava positivo e a profundidade de sondagem aumentada a distal. Foi diagnosticado com periodontite apical crónica assintomática com eventual perfuração ou fratura radicular. Foi planeado o retratamento com reparação não cirúrgica da perfuração – em caso de fratura radicular seria realizado a exodontia. O tratamento foi realizado em sessão múltipla, sob isolamento absoluto e ampliação. Na primeira sessão, foi realizada a remoção da reabilitação protética, confirmando a existência de perfuração radicular e ausência de fratura. A reparação foi realizada com material biocerâmico (Totalfill Fast Set Putty), após estabelecer a permeabilidade canalar – instrumentação com R25 (Reciproc). Na segunda sessão, foram realizados protocolo de irrigação endodôntica e obturação canalar com condensação por onda contínua. Foi realizado novo coto em resina (Core-X Flow) com espigão (Unimetric) e o paciente encaminhado para realização de nova coroa em zircónia. Após 1 ano, verificou- se evidência radiográfica de total formação óssea da lesão e ausência de sinais/sintomas. Discussão e Conclusões: Vários fatores condicionam a realização da extração dentária, tais como a falta de estrutura, perda óssea e danos iatrogénicos. Seguindo os princípios da medicina dentária baseada na evidência, o clínico deverá delinear o tratamento mais conservador possível, ponderando fatores como, a sua capacidade técnica, expectativas do paciente e literatura científica. No presente caso, foi essencial a correta aplicabilidade de materiais e técnicas, sendo significativo a utilização de microscópio cirúrgico. A abordagem apresentada permitiu um tratamento conservador com um resultado clínico satisfatório, após 1 ano de controlo.