Revista Portuguesa de Estomatologia, Medicina Dentária e Cirurgia Maxilofacial
XLV Congresso Anual da Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentária (SPEMD) Figueira da Foz, 9 a 11 de outubro de 2025 | 2025 | 66 (S1) | Page(s) 14
Caso ClÍnico
#015 Achado incidental de protusão de implantes dentários nas fossas nasais: relato de caso
a ULSSA
Article Info
Rev Port Estomatol Med Dent Cir Maxilofac
Volume - 66
Supplement - S1
Caso ClÍnico
Pages - 14
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Article History
Received on 09/10/2025
Accepted on 09/10/2025
Available Online on 09/10/2025
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Resumo
Introdução: A protrusão de implantes dentários para o interior das fossas nasais é uma complicação rara, habitualmente detetada de forma incidental em exames de imagem ou endoscopia. Embora possa originar alterações no fluxo aéreo nasal, sinusite ou, raramente, migração do implante, muitos casos permanecem assintomáticos. A conduta clínica varia consoante a presença de sintomas, sendo o acompanhamento periódico a abordagem mais aceite nos casos assintomáticos. Apresenta-se um caso raro de achado bilateral de extremidades de implantes dentários em fossas nasais durante nasofibroscopia de rotina. Descrição do Caso Clínico: Doente do sexo feminino, 58 anos, hipertensa, com antecedentes de dacriocistorrinostomia, observada em consulta de ORL para remoção do tubo de drenagem. À nasofibroscopia identificou-se, bilateralmente, extremidade de implante dentário na parede inferior das fossas nasais, sem sinais inflamatórios, erosões, secreção purulenta ou hemorragia. A doente tinha realizado reabilitação oral com implantes quatro anos antes, encontrando- se assintomática do ponto de vista oral e nasossinusal. Não foram identificados outros achados relevantes ao exame clínico. Optou-se por manter vigilância clínica e imagiológica. Discussão e Conclusões: A literatura descreve casos de protrusão de implantes para fossas nasais, maioritariamente assintomáticos, nos quais se privilegia o acompanhamento clínico e radiológico, reservando-se a remoção para situações sintomáticas ou complicadas. O consenso internacional indica que implantes osseointegrados com protrusão mínima e mucosa nasal íntegra devem ser mantidos e monitorizados como implantes totalmente embebidos no osso. Em casos sintomáticos (sinusite, obstrução nasal, infeção), recomenda-se abordagem gradual, iniciando com tratamento médico e, se necessário, remoção cirúrgica, preferencialmente com técnica endoscópica. O presente caso reforça a importância da vigilância a longo prazo de reabilitações implantossuportadas e da avaliação multidisciplinar, mesmo na ausência de queixas, para deteção precoce de complicações pouco frequentes mas clinicamente relevantes.