Resumo

Introdução: Dens invaginatus é uma anomalia de desenvolvimento que se parece com um dente dentro de outro dente, a nível radiográfico. Resulta da invaginação do órgão do esmalte na papila dentária antes da calcificação dos tecidos dentários e pode estar relacionada a fatores genéticos. Está entre as anomalias dentárias mais prevalentes variando entre 1% a 10%, dependendo da população estudada e a ocorrência bilateral não é incomum. O incisivo lateral superior é o dente mais afetado. É frequentemente associado a doenças pulpares e periapicais sendo o tratamento endodôntico frequentemente necessário, apresentando habitualmente um desafiado devido à anatomia variável e aberrante. Descrição do caso clínico: No primeiro caso foi identificada a presença de uma anatomia coronária aberrante no dente 42. O exame radiográfico revelou um dens invaginatus (Oehlers tipo IIIb). O tratamento foi em duas sessões. Na primeira sessão foi determinado o comprimento de trabalho do canal e da invaginação e efetuada a instrumentação até à constrição do canal original. O canal original foi instrumentado com WaveOne Gold Glider e Rotate (25.06), a invaginação com Reciproc (R50). Na segunda consulta efetuou-se o protocolo de irrigação final e uma barreira de MTA devido ao elevado calibre apical, através da invaginação. A restante área foi obturada com gutta-percha termoplastificada. Foi efectuado selamento intracoronário com ionómero de vidro modificado. No controlo anual é evidente a formação de novo osso cortical a vestibular. No segundo caso após exame clínico e radiográfico ao dente 12, diagnosticou-se Necrose Pulpar e Abcesso Apical Agudo. O exame radiográfico revelou um dens invaginatus (Oehlers tipo II) . Na primeira sessão o canal principal e a invaginação foram instrumentos até à lima BlueShaper Z7 e colocado hidróxido de cálcio como medicação intracanalar. Na segunda consulta, após o protocolo de irrigação final procedeu-se à obturação com gutta-percha e cimento resinoso através da técnica de onda continua de calor. Foi ainda realizada uma restauração direta a resina composta. No controlo a 6 meses observa-se ausência de sintomas. Discussão e conclusões: Dens invaginatus apresentam desafios que podem levar a diversas complicações durante o tratamento. Um correto diagnóstico e planeamento são fundamentais para tornar o tratamento mais previsível.