Resumo

Introdução: A periodontite apical assintomática é uma inflamação crónica do tecido periapical, frequentemente associada a infeções persistentes ou retratamentos endodônticos mal sucedidos. A micro-cirurgia endodôntica, complementada pelo uso de fibrina rica em plaquetas e leucócitos (L-PRF), tem mostrado resultados promissores na promoção da cicatrização óssea e tecidular. Descrição do caso clínico: Paciente do sexo feminino, 25 anos, apresentou- se com uma imagem radiolúcida periapical de grandes dimensões no dente 46, previamente tratado e submetido a dois retratamentos não cirúrgicos. O diagnóstico de periodontite apical assintomática foi confirmado por exame clínico e radiográfico. Optou-se pela micro-cirurgia endodôntica. Colheu-se sangue para produção de L-PRF. Após abertura de retalho acedeu-se à lesão através de osteotomia com instrumento piezo-cirúrgico, pela técnica da janela óssea. Recolheu-se o bloco ósseo livre e depositou-se num recipiente com L-PRF. Foi realizada curetagem excisional com enucleação da lesão, apicectomia, retro-preparo e retro- obturação. A cavidade cirúrgica foi preenchida com membranas de L-PRF. O bloco ósseo foi reposicionado na sua posição original, recoberto por membranas de L-PRF e o retalho suturado. A análise histopatológica confirmou um quisto radicular. O seguimento aos 6 e 9 meses mostrou cicatrização avançada e reconstituição quase completa dos tecidos periapicais. Discussão e conclusões: Este caso demonstra a eficácia da micro-cirurgia endodôntica associada ao LPRF na cicatrização e reconstituição dos tecidos periapicais em lesões persistentes após múltiplos retratamentos endodônticos. Comparada com a osteotomia convencional, a técnica da janela óssea tem as vantagens de melhorar a visualização da cirurgia e a operabilidade, reduzir os defeitos ósseos pós-operatórios, promover a cicatrização óssea e manter a integridade do contorno mandibular. O uso de L-PRF contribuiu para a viabilidade do fragmento ósseo e a aceleração da cicatrização. A ausência de sinais de inflamação ou infeção ao longo do seguimento corrobora a eficiência da técnica.