Resumo

Introdução: Os microimplantes são dispositivos que permitem ancoragem esquelética absoluta. A aplicação de microimplantes ortodônticos possui uma elevada taxa de insucesso (10-30%) comparativamente aos implantes dentários convencionais (10%). Técnicas de tratamento químicas e/ou mecânicas da superfície dos microimplantes têm sido sugeridas, de modo a colmatar estas limitações. Não existe, contudo, na literatura atual, consenso sobre quais os métodos mais usados e a respetiva eficácia. Deste modo, objetivou-se a realização de uma scoping review sobre a temática dos tratamentos de superfície em microimplantes, de forma a comparar características e protocolos, bem como avaliar as suas potenciais repercussões na estabilidade dos mesmos. Métodos: O presente estudo foi realizado de acordo com os critérios PRISMA-ScR para scoping reviews. Realizou-se uma pesquisa bibliográfica que abrangeu as bases de dados PubMed via MEDLINE, Cochrane Library, Embase e Web of Science. Não se preconizou restrição temporal, e pretendeu- -se incluir estudos cuja língua fosse Português, Inglês, Espanhol ou Francês. Esta revisão foi desenvolvida com inclusão de estudos que avaliassem como outcome a estabilidade de microimplantes após tratamento de superfície. Resultados: A pesquisa inicial das bases de dados obteve 1684 resultados, tendo sido incluídos na revisão 98 estudos. Fotobiomodulação, luz ultravioleta, laser de baixa intensidade, condicionamento ácido e jateamento de óxido de alumínio foram comummente utilizados, tendo sido obtidos resultados favoráveis ao aumento de estabilidade clínica dos microimplantes. Outros tipos de tratamento foram descritos, tais como anodização oxidativa, anodização com pré-calcificação e tratamento de calor e deposição de compostos químicos. Conclusões: Alguns dos estudos incluídos exibem heterogeneidade de protocolos e medição de outcomes. São necessários estudos de melhor qualidade e mais ensaios clínicos randomizados para aferir qual o método gold-standard. Implicações clínicas: Os tratamentos da superfície de microimplantes com jateamento de óxido de alumínio e condicionamento ácido parecem ser protocolos confiáveis e facilmente utilizados, criando um aumento de estabilidade que é clinicamente reprodutível.