Revista Portuguesa de Estomatologia, Medicina Dentária e Cirurgia Maxilofacial
XXXV Reunião Científica Anual da Sociedade Portuguesa de Ortopedia Dento-Facial (SPODF) Viana do Castelo, 24 e 25 de maio de 2024 | 2024 | 65 (S1) | Page(s) 65
Caso ClÍnico
#SPODF2024-CC8 Dor referida como complicação de MARPE – Relato de um caso Clínico
a Egas Moniz School of Health and Science – Departamento de Ortodontia
Article Info
Rev Port Estomatol Med Dent Cir Maxilofac
Volume - 65
Supplement - S1
Caso ClÍnico
Pages - 65
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Article History
Received on 24/05/2024
Accepted on 24/05/2024
Available Online on 24/05/2024
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Resumo
Introdução: A Expansão Rápida Maxilar Ancorada em Micro-implantes (MARPE) é uma opção terapêutica para tratar o défice transversal maxilar em pacientes adolescentes e adultos. A utilização de micro-implantes ortodônticos (MI), para otimizar a aplicação de forças mecânicas à sutura média palatina e às suturas circumaxilares, permite evitar osteotomias de outra forma indispensáveis em pacientes que revelam um estado avançado de maturação das mesmas. Este sistema aplica forças nos MIs e não nos dentes, o que pode criar um ambiente suscetível a complicações. A literatura reporta várias complicações associadas à MARPE. No entanto, não temos conhecimento de estudos publicados que tenham reportado dor referida na mandíbula, sendo o local de origem o MARPE. Embora a dor odontogénica seja a dor orofacial mais frequentemente relatada, deve-se reconhecer que esta pode ter origem não odontogénica. A dor é definida como “heterotópica” quando o local onde é relatada pelo paciente não coincide com sua origem. A dor referida deve-se à sensibilização central (amplificação do sinal transmitido) e à convergência das fibras nervosas aferentes primárias nos mesmos neurônios de projeção. Pretende-se relatar um caso clínico que, durante a expansão com MARPE, apresentou dor referida intensa na mandíbula. Descrição do caso Clínico: Paciente de 25 anos com endognatia, iniciou tratamento ortodôntico integral com MARPE e aparelho fixo. Duas semanas após o início da disjunção, o paciente reportou dor aguda e constante no 4º quadrante, a distal dos pré- -molares, que não reduzia com fármacos. Após avaliação clínica e radiográfica dos dentes do 4º quadrante, foi realizado um bloqueio anestésico na região dos MI para diagnóstico diferencial. O alívio da dor foi imediato. Discussão: Embora a MARPE esteja associada a uma morbidade reduzida em comparação com a SARPE, a literatura descreve que mais de 88% dos pacientes reportam pelo menos uma complicação. A maioria das complicações são minor, resolvidas com abordagens simples. No caso clínico apresentado, o paciente apresentou inflamação e dor em redor dos MI de ancoragem do MARPE, mas também dor referida na mandíbula, cujo diagnóstico diferencial foi conseguido por bloqueio anestésico do palato. Conclusões: O clínico deve compreender o mecanismo da dor e a forma como outras estruturas orofaciais podem simular a dor dentária. O não estabelecimento da etiologia da dor resultará em diagnóstico incorreto e tratamento desadequado.