Resumo

Objetivos: Avaliar a influência da quelação contínua (hipoclorito de sódio (NaOCl) acido etidrónico) na adesão dos cimentos obturadores à dentina radicular, comparativamente à sequência NaOCl e ácido etilenodiaminotetracético (EDTA). Métodos: A revisão sistemática foi conduzida de acordo com as recomendações PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses). Foi realizada uma pesquisa nas bases de dados: Pubmed, Scopus e Web of Science, em 22 de maio de 2024. Foram incluídos artigos com um grupo controlo de NaOCl seguido de EDTA, que avaliaram o efeito da quelação continua na força de adesão dos cimentos à dentina, pelo teste de push-out, em dentes extraídos. Excluíram-se revisões, casos clínicos, ou estudos sem o controlo especificado. A avaliação do risco de viés foi adaptada dos critérios da Colaboração Cochrane. As principais características apresentaram-se em tabela, identificando os autores, tipo de amostra (dente), cimentos, protocolo de irrigação e resultados principais. Resultados: Resultaram 75 artigos, após remoção dos duplicados, tendo restado 15, dos quais, 4 cumpriram os critérios de elegibilidade. O risco de viés foi ´médio´, em dois, “baixo” num e “alto” no outro. A obturação foi realizada com cimento de resina epóxi, AH Plus, em dois, um dos quais em dentes de bovino. Os outros 2 testaram cimentos de silicato de cálcio (Endosequence BC, MTA Plus, Tech Biosealer Endo e Bio-C sealer) em dentes humanos, um deles com cimento Bio-C sealer e guta-percha. Um estudo com AH Plus e outro com 3 tipos de cimento de silicato de cálcio testaram diferentes períodos pós-obturação. Os 2 restantes indicaram períodos de 48h (AH Plus) e 1 semana (guta-percha e Bio-C sealer). Relativamente ao AH Plus, a quelação contínua apenas apresentou diferença da irrigação sequencial, a longo prazo (20 meses). Para os cimentos biocerâmicos, a quelação contínua aumentou significativamente a resistência de união, independentemente do tempo (48h, 7 dias, 3 meses). O risco global de viés, os distintos cimentos e concentrações de NaOCl, ou tempos considerados, constituem limitações da presente revisão. Conclusões: O protocolo de quelação contínua parece influenciar positivamente a força de adesão dos cimentos à dentina radicular. No cimento AH Plus a adesão aumenta com o tempo. Nos cimentos de silicato de cálcio, a força de união aumenta, independentemente do tempo. Mais estudos são necessários para validar os resultados apresentados.