Resumo

Objetivos: Este estudo pretende determinar a prevalência da agenesia dentária e de dentes supranumerários e caracterizar as duas anomalias numa população pediátrica portuguesa. Métodos: Neste estudo, foram analisados os registos clínicos dos pacientes pediátricos atendidos na Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto, entre setembro de 2020 e dezembro de 2021. O sexo e a idade de cada paciente (à data do respetivo exame radiográfico) foram registados, assim como quaisquer dados constantes na história clínica e considerados relevantes. Os pacientes com idades compreendidas entre os 4 e os 17 anos (inclusive, à data do seu exame radiográfico) foram incluídos neste estudo, desde que os seus registos possuíssem ortopantomografias datadas entre janeiro de 2010 e dezembro de 2021. Foram excluídos todos os casos em que os registos clínicos indicassem o diagnóstico de qualquer síndrome genética, ou com ortopantomografia de qualidade insuficiente. Foi realizada a análise estatística dos resultados com recurso a testes do Qui-Quadrado, com um nível de significância de 0,05. A amostra foi, assim, constituída por 144 pacientes. Resultados: Este estudo encontrou uma prevalência de agenesias dentárias de 20,83% (11,81% excluindo os terceiros molares) e de dentes supranumerários de 1,39%. A prevalência de agenesias foi de 26,1% no sexo masculino e 16% no feminino. Nenhuma associação foi estabelecida a este respeito (p>0,05). Os dentes mais afetados foram os terceiros molares, seguidos dos segundos pré-molares. 52,63% das agenesias encontravam-se na mandíbula, mas nenhuma associação foi encontrada (p>0,05).
Foram encontrados dois casos de dentes supranumerários, ambos no sexo masculino e localizados no segundo quadrante. Não foram encontradas diferenças quanto ao sexo. (p>0,05). Conclusões: Neste estudo, foi encontrada uma maior prevalência de agenesias dentárias no sexo masculino, com maior frequência na arcada mandibular. Quanto aos dentes supranumerários, apenas foram detetados casos no sexo masculino e na arcada superior. Os resultados deste estudo contribuem para um melhor conhecimento da prevalência das anomalias dentárias de número numa população específica que frequentou a consulta de uma faculdade de medicina dentária portuguesa.