Revista Portuguesa de Estomatologia, Medicina Dentária e Cirurgia Maxilofacial
XLIV Congresso Anual da Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentária (SPEMD) Porto, 11 a 12 de outubro de 2024 | 2024 | 65 (S1) | Page(s) 27
Caso ClÍnico
#056 Paroditite bacteriana em doente com fibrose quística – Caso clínico
a ULSSA
Article Info
Rev Port Estomatol Med Dent Cir Maxilofac
Volume - 65
Supplement - S1
Caso ClÍnico
Pages - 27
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Article History
Received on 11/10/2024
Accepted on 11/10/2024
Available Online on 11/10/2024
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Resumo
Introdução: A fibrose quística (FQ) é uma doença genética autossómica recessiva causada por mutações no gene CFTR e afeta as glândulas exócrinas, incluindo as glândulas salivares. A parotidite pode ser causada por obstrução (sialolitíase), infeção (vírica, bacteriana) ou doença inflamatória (síndrome de Sjögren, outras doenças auto-imunes, sarcoidose). Geralmente apresenta-se com dor (que agrava com a mastigação e pode irradiar para o ouvido), tumefação e sinais inflamatórios da região parotídea. Envolvimento unilateral, febre e drenagem purulenta pelo ducto parotídeo são sugestivos de infeção bacteriana. A FQ, desidratação, malnutrição, imunossupressão e infeções dentárias aumentam o risco de parotidite bacteriana. O agente mais frequente é o S. aureus. O diagnóstico é clínico, podendo ser auxiliado por exames imagiológicos como ecografia e TAC. Descrição do Caso Clínico: apresentamos um caso de parotidite bacteriana em homem de 23 anos com FQ. O doente queixava-se de dor e edema da hemiface esquerda com 36 horas de evolução. Não apresentava sinais inflamatórios nem febre, mas estava sob terapêutica fixa de paracetamol e ibuprofeno desde o início do quadro clínico, com agravamento da dor e tumefação apesar da medicação. Analiticamente, apresentava leucocitose com neutrofilia. A ecografia demonstrou sinais de inflamação das glândula parotídea esquerda, sem evidência de obstrução ou abcesso. Foi medicado com amoxicilina ácido clavulânico por 7 dias, além da analgesia já instituída, e recomendação para realizar reforço hídrico e massagem parotídea. Na reavaliação após 2 semanas o doente estava assintomático. Discussão e Conclusões: A FQ é fator de risco para desenvolvimento de sialadenite bacteriana. O tratamento consiste em reforço da hidratação, massagem parotídea, analgesia e antibioterapia por 7 a 10 dias. Nas parotidites adquiridas na comunidade, as penicilinas são a terapêutica de primeira linha. As complicações são raras e incluem osteomielite, sépsis e morte. A recomendação ao doente mais importante é a de reforço da hidratação.