Revista Portuguesa de Estomatologia, Medicina Dentária e Cirurgia Maxilofacial
XLIV Congresso Anual da Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentária (SPEMD) Porto, 11 a 12 de outubro de 2024 | 2024 | 65 (S1) | Page(s) 21
Caso ClÍnico
#042 Encerramento apical espontâneo de dentes imaturos – Caso clínico
a Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto, Porto, Portugal
Article Info
Rev Port Estomatol Med Dent Cir Maxilofac
Volume - 65
Supplement - S1
Caso ClÍnico
Pages - 21
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Article History
Received on 11/10/2024
Accepted on 11/10/2024
Available Online on 11/10/2024
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Resumo
Introdução: Estima-se que em todo o mundo cerca de um bilião de pessoas sofre trauma dentário e um terço sofre lesões em dentes imaturos causadoras de necrose pulpar. Nestes, podem surgir complicações como formação incompleta das raízes e reabsorções externa e/ou interna. Descrição do Caso Clínico: Paciente do sexo masculino, 21 anos, com história de trauma dos #11, #21 e #22 por volta dos 7 anos de idade. Aos 17 anos iniciou correção ortodôntica que foi interrompida em 2022 por alteração de cor do #21. Foi encaminhado para a consulta da Especialização em Endodontia Clinica da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto em novembro 2023. Clinicamente, os #11 e #21 apresentavam descoloração, percussão positiva e resposta negativa aos testes de sensibilidade. Fistulografia a relacionar lesão apical ao #21. Radiologicamente também se observou uma lesão periapical extensa nos #11, #21 e #22, confirmada com o Cone Beam Computarized Tomography. Os #11 e #21 apresentavam anatomia atípica com canais muito amplos e estreitamento apical, mas o #22 apresentava anatomia do canal normal. Observada reabsorção externa da raiz do #11. Diagnosticou-se necrose total com abcesso periapical crónico do #21, necrose total com periodontite apical assintomática e reabsorção externa inflamatória do #11, e polpa normal do #22. Realizou-se tratamento endodôntico não cirúrgico dos #11 e #21. Discussão e Conclusões: Pressupõe-se que a fratura coronária dos incisivos maxilares por volta dos 7 anos, 3 a 4 anos antes da formação completa do desenvolvimento radicular, esteja na origem da necrose pulpar. O mecanismo de formação do estreitamento apical não induzido, que parece ter ocorrido neste caso, poderá dever-se às células indiferenciadas da papila apical. Assim, e apesar de necrose, continuou a formação radicular e o encerramento apical, ainda que de forma atípica. O uso de Cone Beam Computarized Tomography, complementar aos exames radiográficos, influenciou e auxiliou no plano de tratamento. Nestes casos raros, a literatura cientifica recomenda o tratamento endodôntico convencional em detrimento da apexificação e tratamento endodôntico regenerador. O tratamento endodôntico convencional é a opção mais conservadora, económica, previsível e confiável nestes casos clínicos.