Revista Portuguesa de Estomatologia, Medicina Dentária e Cirurgia Maxilofacial
XLIV Congresso Anual da Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentária (SPEMD) Porto, 11 a 12 de outubro de 2024 | 2024 | 65 (S1) | Page(s) 18
Caso ClÍnico
#036 Lesão periapical em ´J´ e bolsa periodontal isolada: importância de um correto diagnóstico
a Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa, Lisboa, Portugal
Article Info
Rev Port Estomatol Med Dent Cir Maxilofac
Volume - 65
Supplement - S1
Caso ClÍnico
Pages - 18
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Article History
Received on 11/10/2024
Accepted on 11/10/2024
Available Online on 11/10/2024
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Resumo
Introdução: Uma bolsa periodontal isolada é um indicador de fratura radicular vertical. No entanto, outras condições patológicas, como perfuração, reabsorção radicular ou periodontite apical com drenagem através do periodonto, podem apresentar-se de forma semelhante, causando dificuldade no diagnóstico. Um correto diagnóstico pulpar e periapical ajuda a determinar qual o tratamento clínico mais adequado para um determinado caso, sendo que uma avaliação descuidada pode levar a diagnósticos incorretos e, potencialmente, tratamentos desnecessários. O presente caso pretende debater a abordagem de uma lesão periapical em forma de ´J” a envolver um dente que também apresentava uma profundidade de sondagem periodontal aumentada e isolada. Descrição do Caso Clínico: Uma paciente do sexo feminino, 24 anos, apresentou-se com queixas de dor moderada, espontânea e durante a mastigação no dente 46, desde que realizou uma restauração em resina composta há cerca de 2 meses. O exame radiográfico revelou uma extensa lesão periapical radiolúcida em forma de ´J´ envolvendo a sua raiz distal e a furca. No exame clínico, verificou- se uma resposta dolorosa à percussão vertical, bem como uma sondagem periodontal profunda e isolada na face vestibular, com abcesso associado. O referido dente não respondeu nem ao teste ao frio nem ao elétrico. O diagnóstico pulpo-periapical foi de necrose pulpar e abcesso apical crónico. Como não foi possível confirmar o diagnóstico de fratura radicular vertical, realizou-se o tratamento endodôntico não cirúrgico e posterior restauração indireta de recobrimento cuspídeo em cerâmica. Seis meses depois, verifica-se uma evolução favorável da lesão periapical e ausência de profundidade de sondagem e de sintomatologia. Discussão e Conclusões: Uma profundidade de sondagem estreita, profunda e isolada, associada a uma imagem radiolúcida em forma de “J”, pode ser um sinal de uma fratura radicular vertical. No entanto, o diagnóstico não se deve basear exclusivamente neste achado clínico. A sua correta identificação é desafiadora na maior parte das situações clínicas, sendo essencial a utilização de ampliação e iluminação, bem como a remoção das restaurações existentes. Se mesmo assim a fratura não for visível, pode ser necessário realizar procedimentos cirúrgicos exploratórios. Este caso pretende mostrar que existem várias entidades que podem justificar a presença de uma bolsa periodontal isolada e que nunca podemos utilizar a sondagem profunda como único critério para diagnosticar uma fratura radicular vertical.