Resumo

Introdução: O Fibroma Ossificante Periférico é uma lesão hiperplásica inflamatória, reativa, benigna, mais frequente em jovens do sexo feminino. Apesar da sua etiologia incerta, associa-se a placa bacteriana, cálculo dentário e próteses mal adaptadas. Na maioria dos casos, desenvolve- -se na gengiva inserida e acomete a papila interdentária. Carateriza-se por um aumento volumétrico indolente e bem delimitado. O diagnóstico é histológico, identificado pela presença de feixes desordenados de tecido conjuntivo fibroso envolvendo depósitos mineralizados, com múltiplos fibroblastos circundantes. Descrição do Caso Clínico: Mulher, 62 anos, saudável, foi referenciada à Consulta de Cirurgia Oral por lesão indolor na gengiva do 1º quadrante com 3 anos de evolução. Referiu aumento progressivo durante os primeiros 2 anos, com posterior estabilização das dimensões. Adiantou ainda, uma cirurgia prévia a lesão de caraterísticas semelhantes, no mesmo local, há 3 anos, em meio extra-hospitalar. Negou trauma intraoral ou extravasamento de conteúdo pela lesão. Ao exame objetivo, observou-se lesão exofítica pétrea séssil, de coloração rósea, bem delimitada, com ulceração do centro da superfície, indolor à palpação, com 5 mm de maior eixo, a 5 mm da margem gengival de 12. Foi realizada a exérese sob anestesia local com curetagem óssea e enviada a peça para Anatomia Patológica. A doente foi medicada com paracetamol 1g de 8/8h, 4 dias em caso de dor, e aplicação tópica de gel de clorohexidina 0,2%. O diagnóstico histopatológico foi Fibroma Ossificante Periférico. Em reavaliação pós-operatória aos 30 dias, verificou-se cicatrização completa da mucosa gengival intervencionada, sem deformidade estética ou exposição radicular. Discussão e Conclusões: Este caso pretende salientar a recidiva de algumas lesões gengivais, carecendo de seguimento periódico, da sua remoção completa e de evicção de traumas. Ressalta ainda o desenvolvimento do Fibroma Ossificante Periférico em faixa etária atípica e a importância de um diagnóstico diferencial com outras lesões gengivais reativas, como o granuloma telangiectásico e o granuloma periférico de células gigantes.