Revista Portuguesa de Estomatologia, Medicina Dentária e Cirurgia Maxilofacial
XLIV Congresso Anual da Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentária (SPEMD) Porto, 11 a 12 de outubro de 2024 | 2024 | 65 (S1) | Page(s) 5
Caso ClÍnico
#011 Diagnóstico diferencial de lesão óssea mandibular
a Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa, Lisboa, Portugal
Article Info
Rev Port Estomatol Med Dent Cir Maxilofac
Volume - 65
Supplement - S1
Caso ClÍnico
Pages - 5
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Article History
Received on 11/10/2024
Accepted on 11/10/2024
Available Online on 11/10/2024
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Resumo
Introdução: A Organização Mundial de Saúde publicou a mais recente classificação dos tumores da cabeça e pescoço (5ª edição, 2024). Os ossos maxilares apresentam, frequentemente, patologia de natureza quística ou tumoral, traduzindo-se como lesões osteolíticas, osteocondensantes ou mistas, que se associam a diferentes etiologias - inflamatórias, infeciosas ou neoplásicas. O diagnóstico definitivo pode ser desafiante, exigindo a integração de caraterísticas clínicas, imagiológicas e histológicas. O diagnóstico diferencial de pequenas lesões radiopacas não odontogénicas deve incluir o osteoma e a osteosclerose idiopática. O osteoma consiste numa neoplasia benigna composta por osso maduro, compacto ou esponjoso, de crescimento lento. A osteoesclerose idiopática trata-se de uma lesão reativa, de origem desconhecida, muitas vezes, um achado radiológico em exames de rotina. Descrição do Caso Clínico: Doente do sexo feminino, 71 anos, referenciada a consulta de Cirurgia e Medicina oral da FMDUL para avaliação de lesão óssea mandibular identificada em ortopantomografia de rotina, mantida sob vigilância nos últimos 8 anos. Diagnosticada com hipotiroidismo e hipertensão arterial, medicada diariamente com Levotiroxina (50 mg) e associação de Lisinopril/ Amlodipina (20mg 5mg). Afirma intolerância ao glúten e nega alergias medicamentosas, hábitos tabágicos ou alcoólicos. O exame objetivo não revela alteração patológica da mucosa oral, não havendo sintomatologia dolorosa espontânea ou à palpação. Na última ortopantomografia documenta-se aumento da dimensão e radiopacidade da lesão intraóssea. Foi prescrita tomografia computorizada de feixes cónicos que confirmou a presença de lesão hiperdensa, grosseiramente circular, de limites bem definidos e, aproximadamente, 1 cm de diâmetro, junto à região apical do dente 45. Realizou-se uma biópsia incisional, cujo exame anatomopatológico excluiu a presença de osteoma, corroborando o diagnóstico inicial de osteosclerose idiopática. Ausência de indicação para excisão completa da lesão assintomática. Discussão e Conclusões: A interpretação de lesões ósseas craniofaciais é complexa devido à semelhança clínica e imagiológica de muitas entidades. A avaliação histopatológica pode ser fundamental para a distinção entre lesões de natureza reativa e neoplásica. O médico dentista desempenha um papel crucial no correto diagnóstico das alterações patológicas dos maxilares, devendo estar familiarizado com as entidades mais comuns.