Revista Portuguesa de Estomatologia, Medicina Dentária e Cirurgia Maxilofacial
XLIII Congresso Anual da Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentária (SPEMD) Oeiras, 13 a 14 de outubro de 2023 | 2023 | 64 (S1) | Page(s) 41
#099 Prevalência de cárie dentária em indivíduos portadores de deficiência intelectual
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Rev Port Estomatol Med Dent Cir Maxilofac
Volume - 64
Supplement - S1
Pages - 41
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Article History
Received on 13/10/2023
Accepted on 13/10/2023
Available Online on 13/10/2023
Keywords
Resumo
Objetivos: Os indivíduos com deficiência enfrentam desafios específicos que podem afetar sua saúde oral e aumentar o risco de desenvolver cárie dentária. Estes indivíduos podem ter maior dificuldade em realizar a sua higiene oral, ter uma dieta específica ou problemas de mastigação, maior dificuldade de acesso a cuidados dentários ou uso prolongado e frequente de medicamentos. Este trabalho teve os seguintes Objetivos: 1) Determinar a prevalência e gravidade de cárie numa instituição que acolhe indivíduos com deficiência intelectual. 2) Descrever os comportamentos relacionados com a saúde oral nos mesmos indivíduos. 3) Analisar a associação entre a cárie, os fatores sociodemográficos e os comportamentos de saúde oral. Materiais e métodos: Foi realizado um estudo transversal, que incluiu um questionário e um exame intraoral, aos indivíduos que consentiram a participação no estudo. O questionário recolheu informação sociodemográfica e sobre os comportamentos de saúde oral. A observação intraoral recolheu informação sobre presença de cárie, segundo os critérios da OMS. Foi realizada a estatística descritiva das variáveis e a análise inferencial foi efetuada com os testes do Qui-quadrado, Mann Whitney e Kruskal-Wallis (alfa=0,05). Resultados: A amostra incluiu 29 indivíduos, correspondendo a 51% da população da instituição. A média de idades foi 23,14 (dp=4,8) anos. A prevalência de cárie foi de 75,9% e o CPOD médio de 3,83 (dp=4,4). Analisando os componentes do CPO verificou-se que 36,8% correspondia ao componente cariado, 33,4% ao perdido e os restantes 29,8% ao obturado. Cerca de 66% dos indivíduos escovavam os dentes duas ou mais vezes por dia, mas apenas 24,1% referiu usar fio ou escovilhão dentário. Metade dos indivíduos visitou o médico dentista no último ano e 61,2% referiu ingerir com frequência alimentos cariogénicos. Apenas um indivíduo era portador de prótese dentária. Verificou-se uma associação positiva entre o CPOD e a idade (p=0,001), com os indivíduos mais velhos a presentarem um maior valor de CPOD. Conclusões: A prevalência e gravidade de cárie revelaram valores bastante elevados, verificando-se uma percentagem significativa de dentes a necessitarem de tratamento. Para a melhoria dos comportamentos desta população devem ser desenvolvidas atividades de promoção da saúde oral regulares, devendo ser envolvidos também os cuidadores.