Resumo

Objetivos: Efetuar uma revisão sistemática e meta-análise para avaliar a taxa de sucesso e o rácio de insucesso da colocação de implantes sobre retalhos livres de perónio, em doentes com cancro oral, submetidos a cirurgia ablativa dos maxilares. Materiais e métodos: A pesquisa recorreu a 3 bases de dados eletrónicas: PubMed, B-on e Scopus. Inicialmente utilizou-se a ferramenta Rayyan para eliminar as réplicas nos resultados da pesquisa. De seguida, aplicaram- -se os critérios de inclusão e exclusão de forma a se obter um conjunto de artigos finais de revisão. Para a avaliação do risco de viés utilizaram-se as ferramentas JBI para estudos coorte e série de casos. Os valores da taxa de sucesso foram posteriormente transformados em rácio de incidência (representativo do insucesso). Efetuou-se uma meta-análise, incluindo de subgrupo e meta-regressões para a taxa de surev port estomatol med dent cir maxilofac. 2022;64(S1) :1-53 27 cesso e para o rácio de incidência. Utilizou-se um modelo meta-analítico binário, ajustado através do método DerSimonian e Laird (1986). Resultados: A pesquisa alcançou 1380 resultados. Após seleção, 18 artigos foram considerados elegíveis de acordo com os critérios de inclusão e exclusão. Os seguintes fatores demonstraram não ter impacto na taxa de sucesso e no rácio de incidência: idade média, rácio masculino/ feminino, longitude, latitude, número de implantes/ pessoa, rácio maxila/mandibula (representativo do número de defeitos localizados na maxila e na mandíbula), número de doentes com tumores malignos, radioterapia e barra dupla. Embora a reconstrução primária, colocação secundária e carga tardia tenham manifestado um efeito significativo, existe heterogeneidade elevada e discordância entre os estudos. Assim, apenas a distração osteogénica vertical influenciou negativamente a taxa de sucesso. Conclusões: A inserção de implantes em retalhos livres de perónio, em doentes com cancro oral, demonstrou ser uma técnica adequada com um rácio de incidência de 0,003 e taxa de sucesso de 88%. Não se encontraram nos estudos fatores que influenciassem significativamente a taxa de sucesso ou o rácio de incidência, à exceção da distração osteogénica vertical que afetou a taxa de sucesso. Efetivamente, esta revisão demonstrou a necessidade de mais estudos randomizados, com um maior período de follow-up, número de participantes e de implantes.