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Revista Portuguesa de Estomatologia, Medicina Dentária e Cirurgia Maxilofacial

XLIII Congresso Anual da Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentária (SPEMD) Oeiras, 13 a 14 de outubro de 2023 | 2023 | 64 (S1) | Page(s) 18-19


#042 Síndrome de Stevens-Johnson associado a Lamotrigina – a propósito de um caso clínico





Volume - 64
Supplement - S1

Pages - 18-19
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Received on 13/10/2023
Accepted on 13/10/2023
Available Online on 13/10/2023


Introdução: A lamotrigina é um fármaco usado no tratamento da epilepsia, perturbação bipolar e com uso off-label para profilaxia de enxaqueca com aura sensitiva. O desenvolvimento de efeitos adversos, como erupções mucocutâneas em 10% dos pacientes, pode condicionar o uso deste medicamento. De maior preocupação são o Síndrome de Stevens- -Johnson e a Necrólise Epidérmica Tóxica, distúrbios vesiculobolhosos de envolvimento sistémico potencialmente fatais. Estas duas entidades clínicas são reações de hipersensibilidade mucocutânea graves, induzidas principalmente por fármacos. O envolvimento da mucosa oral inclui eritema, erosão, edema, descamação, formação de bolhas, ulceração e necrose. Descrição do caso clínico: Doente de 59 anos, sexo feminino, natural de Cabo Verde, com antecedentes pessoais de acidente isquémico transitório e dislipidemia. Recorreu ao Serviço de Urgência do Hospital de Santa Maria por pápulas cutâneas 18 rev port estomatol med dent cir maxilofac. 2023;64(S1):1-53 eritematosas e pruriginosas na coxa esquerda, que progrediram em 24 horas para o tronco, membros e face, afetando menos de 10% da superfície corporal. Também apresentava sensação de corpo estranho e dor ocular bilateral, bem como edema e erosões na mucosa oral. Referia instituição há 20 dias de toma de lamotrigina para profilaxia de enxaqueca. À observação apresentava erosões extensas de toda a mucosa oral sem hemorragia ativa, áreas nacaradas a nível da mucosa jugal bilateral e gengivas, eritema a nível do palato mole e descamação exuberante da mucosa labial. Admitiu-se o diagnóstico de Síndrome de Stevens-Johnson secundário a lamotrigina e a doente permaneceu em internamento hospitalar para realizar corticoterapia e imunoglobulina endovenosa. Durante esse período realizou bochechos com preparado de lidocaína, bicarbonato de sódio e nistatina e aplicação labial de pomada com hidrocortisona e ácido fusídico. Teve alta após 12 dias de internamento com melhoria progressiva da dermatose e lesões mucosas, mantendo apenas pequenas erosões com crosta hemorrágica nos lábios, sem compromisso da via oral. Na reavaliação após 1 mês, verificou-se uma remissão total das lesões da cavidade oral. Discussão e conclusões: A evolução e prognóstico dos doentes com Síndrome de Stevens-Johnson depende da interrupção do agente farmacológico e do tratamento adequado das lesões mucocutâneas. O conhecimento desta entidade é essencial para o correto diagnóstico de lesões erosivas da mucosa oral associada à toma recente de novos fármacos e redução da morbimortalidade associada.


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