Revista Portuguesa de Estomatologia, Medicina Dentária e Cirurgia Maxilofacial
XLIII Congresso Anual da Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentária (SPEMD) Oeiras, 13 a 14 de outubro de 2023 | 2023 | 64 (S1) | Page(s) 14-15
#033 Carcinoma pavimentocelular da língua – quando a clínica impera na abordagem terapêutica
Article Info
Rev Port Estomatol Med Dent Cir Maxilofac
Volume - 64
Supplement - S1
Pages - 14-15
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Article History
Received on 13/10/2023
Accepted on 13/10/2023
Available Online on 13/10/2023
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Resumo
Introdução: O carcinoma pavimentocelular é a neoplasia maligna mais frequente da cavidade oral, sendo a língua o local mais afetado. Nestes casos, o diagnóstico histopatológico é indispensável, com repercussões tanto ao nível da orientação clínica como das posteriores atitudes terapêuticas. Descrição do caso clínico: Doente do sexo masculino, 68 anos, caucasiano foi referenciado à consulta de Estomatologia por lesão lin- 14 rev port estomatol med dent cir maxilofac. 2023;64(S1):1-53 gual com 2 meses de evolução. Como antecedentes pessoais destaca-se a história prévia de tabagismo (36 UMA) cessado há 10 anos e os hábitos etanólicos ligeiros. Ao exame estomatológico identificou-se no uma lesão endurecida, de contornos circulares, definidos, no bordo direito do terço anterior da língua, com 20 mm de diâmetro maior, sem ultrapassar a linha média. Não apresentava adenopatias cervicais palpáveis. A biópsia incisional da lesão foi realizada sob anestesia local e o resultado identificou proliferação papilomatosa de epitélio pavimentoso estratificado com hiperparaqueratose e displasia epitelial de baixo e alto grau, sem imagens inequívocas de invasão do estroma. Pelo exame clínico e forte suspeição para neoplasia maligna, apesar de um diagnóstico anatomopatológico incaracterístico foi proposto para excisão completa da lesão com sob anestesia geral. Para planeamento cirúrgico e avaliação de cadeias ganglionares cervicais foi realizada TC cervicofacial que descreve massa de partes moles da face ventral da ponta da língua, em situação anterior e anterolateral direita com 14x26x7 mm. Sem adenopatias valorizáveis nas cadeias ganglionares cervicais e da base do crânio. O tratamento cirúrgico consistiu em glossectomia marginal direita com encerramento direto com rotação da ponta da língua. A peça enviada para histopatologia revelou carcinoma pavimentocelular invasivo bem diferenciado queratinizante, em parte verrucoso, com 1,8 cm de eixo maior. A peça apresenta margens livres de doença, tendo ficado com um estadiamento T1NxMx. Discussão e conclusões: A possibilidade de falsos negativos em biópsias incisionais é um fator a ter em conta na abordagem diagnóstica de situações oncológicas na cavidade oral. Sempre que exista uma forte suspeita clínica de neoplasia maligna, deve-se realizar a excisão da lesão. Realça-se a importância da experiência clínica na identificação de lesões malignas, sendo indispensáveis para um diagnóstico precoce de cancro oral.