Resumo

Introdução: Os tumores odontogénicos consistem em neoplasias benignas ou malignas que podem ser epiteliais, mesenquimais ou de origem mista. Estes tumores ocorrem, principalmente, nos ossos da maxila, podendo envolver os tecidos moles. O tumor odontogénico escamoso é um tumor considerado epitelial, de crescimento lento, benigno e raro. Clinicamente este tumor pode apresentar-se como uma lesão intraóssea assintomática e/ou motivar mobilidade dos dentes adjacentes à lesão. Descrição do caso clínico: Doente do sexo masculino, de 67 anos, referenciado pelo Serviço de Urgência para a Consulta Externa do Serviço de Estomatologia do Centro Hospitalar Universitário São João (CHUSJ) por abcesso odontogénico, múltiplas cáries e doença periodontal crónica. Clinicamente, na consulta, o doente encontrava-se assintomático e ao exame físico intraoral objetivava-se múltiplas cáries, restos radiculares e mobilidade dentária dos dentes remanescentes. Realizou ortopantomografia (OPG) onde foi possível visualizar raízes dentárias retidas e áreas de hipertransparência em relação a 14r, com estreita proximidade ao seio maxilar direito. Optou-se por realizar exérese cirúrgica das lesões maxilares acima descritas sob anestesia local. A análise anatomopatológica das peças revelou cisto odontogénico com proliferação de tipo tumor odontogénico escamoso. Na reavaliação, realizada após um mês de pós-operatório, o doente apresentava-se assintomático, negando passagem de conteúdo líquido ou alimentar entre as cavidades nasal e oral, e a ferida cirúrgica em processo de cicatrização de acordo com o esperado, sem sinais inflamatórios ou infeciosos. Discussão e conclusões: O tumor odontogénico escamoso é uma neoplasia rara, benigna dos ossos maxilares. Devido à semelhança histológica, muitas vezes é diagnosticado como ameloblastoma ou carcinoma de células escamosas. Assim torna-se essencial entender as características clínicas, radiológicas, histológicas e de tratamento deste tumor. O tratamento preconizado passa por enucleação, excisão da lesão tumoral e curetagem. Apesar de apenas muito raramente existe transformação maligna, deve manter-se a vigilância clínica e radiológica deste doente.