Resumo

Introdução: Os quistos odontogénicos estão associados a alterações patológicas inflamatórias ou de desenvolvimento. Os subtipos mais comuns são os quistos periapicais, quistos dentígeros, quistos residuais e queratoquistos. A maioria dos quistos odontogénicos localizam-se na região anterior maxilar, seguida pela região posterior mandibular. Descrição do caso clínico: Doente do sexo masculino, 37 anos, sem antecedentes de relevo. Recorreu à consulta de Estomatologia com queixas álgicas, tumefação intra e extra-oral e parestesias referidas na região posterior do 4º quadrante. Ao exame objetivo destacava- se dor à percussão de dente 46, bem como abaulamento vestibular na topografia de 46 a 43. Apresentava dente 46 sem vitalidade. Sem outras alterações de relevo. Após avaliação imagiológica verificou-se a presença de lesão radiolúcida com cerca de 30 mm estendendo-se desde 43 a 46. Verificou-se também a presença de quisto periapical à raiz distal de 46. Decidiu- se pela realização de biópsia da cápsula quística e colocação de tubo de descompressão, tendo sido confirmada hipótese de quisto odontogénico. Confirmou-se radiologicamente a redução da dimensão da loca quística, compatível com resposta favorável à descompressão. Posteriormente, foi realizada a sua quistectomia com colocação de xenoenxerto ósseo, encerramento com membrana de colagénio e retalho mucoperiósteo. O seguimento após a cirurgia demonstrou boa evolução, com avaliação radiográfica compatível com regeneração óssea gradual. Discussão e conclusões: Atualmente o tratamento de quistos odontogênicos pode ser feito de forma mais conservadora ou de forma mais radical. Alguns autores recomendam a abordagem cirúrgica conservadora e menos invasiva, no tratamento de quistos de grandes dimensões, nomeadamente o método da descompressão quística, seguida de enucleação da lesão. Esta técnica permitirá a diminuição da pressão no interior do quisto, a diminuição de mediadores inflamatórios na parede da lesão quística, diminuição das dimensões da lesão e a manutenção da integridade de estruturas anatómicas adjacentes. Este caso vai de encontro à evidência publicada relativamente ao tratamento conservador com descompressão quística, seguida de enucleação.