Revista Portuguesa de Estomatologia, Medicina Dentária e Cirurgia Maxilofacial
XLII Congresso Anual da Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentária (SPEMD) Figueira da Foz, 13 a 15 de outubro de 2022 | 2022 | 63 (S1) | Page(s) 28
#064 Sífilis primária oral
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Rev Port Estomatol Med Dent Cir Maxilofac
Volume - 63
Supplement - S1
Pages - 28
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Article History
Received on 13/10/2022
Accepted on 13/10/2022
Available Online on 13/10/2022
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Resumo
Introdução: A sífilis é uma doença infecciosa sexualmente transmissível, causada pela espiroqueta Treponema pallidum. São conhecidas várias fases da doença: primária, secundária, latente, terciária e neurossífilis. Todas as fases podem apresentar manifestações orais, que apesar de raras, podem mimetizar outras patologias, constituindo um desafio diagnóstico. Descrição do caso clínico: Homem de 45 anos referenciado ao Serviço de Urgência de Estomatologia do Centro Hospitalar e Universitário de Lisboa Norte, por quadro inespecífico de odinofagia, adenopatias e lesões na cavidade oral com uma semana de evolução. Sexualmente ativo, com história de relações sexuais desprotegidas e sem outros antecedentes relevantes. Negava outra sintomatologia, nomeadamente sintomas B (febre, sudorese noturna, astenia) ou outras lesões mucocutâneas. Ao exame objetivo, apresentava uma lesão centimétrica ulcerada do palato mole e múltiplas lesões infracentimétricas ulceradas na face dorsal da língua, todas indolores à palpação. Observava- se também adenopatia retroauricular direita, com cerca de 1cm e adenopatia submandibular esquerda (nível IIa) infracentimétrica, ambas indolores à palpação. As hipóteses de diagnóstico colocadas foram úlceras traumáticas, sífilis, carcinoma pavimento- celular e sialometaplasia necrotizante. Foi realizado estudo analítico que mostrava VDRL reativo com contagem de TPHA de 1/10240. Os achados serológicos confirmaram a hipótese diagnóstica de sífilis primária. O doente foi medicado com uma toma única de penicilina G benzatínica intramuscular, apresentando franca melhoria do quadro clínico ao final de uma semana. Mantém seguimento em consulta de Medicina Oral, sem aparecimento de novas lesões. Discussão e conclusões: Este caso clínico realça a necessidade de considerar a sífilis no diagnóstico diferencial de lesões orais inespecíficas, dada a grande variedade de apresentações clínicas. Daí a importância do seu conhecimento, para um diagnóstico e tratamento precoces, minimizando assim os riscos de transmissão e as potenciais complicações decorrentes desta doença infecciosa.