Revista Portuguesa de Estomatologia, Medicina Dentária e Cirurgia Maxilofacial
XLII Congresso Anual da Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentária (SPEMD) Figueira da Foz, 13 a 15 de outubro de 2022 | 2022 | 63 (S1) | Page(s) 27
#062 Disqueratose congénita – Da ponta do cabelo até à unha do pé!
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Rev Port Estomatol Med Dent Cir Maxilofac
Volume - 63
Supplement - S1
Pages - 27
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Article History
Received on 13/10/2022
Accepted on 13/10/2022
Available Online on 13/10/2022
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Resumo
Introdução: A disqueratose congénita é uma doença rara (1:1 000 000) de transmissão recessiva ligada ao cromossoma X, autossómica dominante ou recessiva. Mutações nos genes da enzima da telomerase são encontradas em cerca de metade dos casos. Manifestando- se, habitualmente, na primeira década de vida, clinicamente caracteriza- se pela clássica tríade de unhas distróficas, hiperpigmentação reticular cutânea e leucoplasias da cavidade oral. Estes doentes apresentam, ainda, risco elevado de desenvolver anemia aplásica (80% dos casos), síndromes mielodisplásicos ou leucemia. Ao nível da cavidade oral apresenta risco aumentado de cáries, hipodontia, periodontite, pigmentações acastanhadas, taurodontismo, redução do rácio coroa/raiz e perda de dentes. Outras alterações incluem trombocitopenia, anemia, canície prematura, alopécia, atraso no desenvolvimento, baixa estatura, fibrose pulmonar e maior risco de desenvolver neoplasia. As lesões leucoplásicas sofrem transformação maligna em cerca de 1/3 dos casos, num período de 10- 30 anos. O objectivo deste trabalho consiste no reconhecimento e diagnóstico da disqueratose congénita. Descrição do caso clínico: Menina, 13 anos de idade, referenciada ao Serviço de Estomatologia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, para avaliação da cavidade oral. Ao exame objectivo, destaca- se cabelo grisalho, distrofia ungueal acentuada, hiperpigmentação reticular cervical e a nível do tronco. Ao nível intra- oral apresentava discreta placa esbranquiçada no bordo lateral esquerdo da língua. A realização de ortopantomografia evidenciou redução do rácio coroas/raízes. Na última observação não apresentava lesões a nível da língua, mantendo- se o restante exame objectivo sobreponível. Mantém vigilância semestral em consulta de Estomatologia. Discussão e conclusões: É importante reconhecer a tríade clássica da disqueratose congénita para o diagnóstico precoce. O tratamento das várias manifestações da cavidade oral é sintomático, sendo essencial o seguimento e vigilância de placas brancas/lesões leucoplásicas, para detecção precoce, em caso de transformação maligna. Atendendo ao caracter hereditário é essencial o aconselhamento genético familiar. Estes doentes devem ser objecto de vigilância regular ao longo da sua vida.