Revista Portuguesa de Estomatologia, Medicina Dentária e Cirurgia Maxilofacial
XLII Congresso Anual da Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentária (SPEMD) Figueira da Foz, 13 a 15 de outubro de 2022 | 2022 | 63 (S1) | Page(s) 21
#047 Descompressão de quisto mandibular – Caso clínico
Article Info
Rev Port Estomatol Med Dent Cir Maxilofac
Volume - 63
Supplement - S1
Pages - 21
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Article History
Received on 13/10/2021
Accepted on 13/10/2022
Available Online on 13/10/2022
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Resumo
Introdução: As lesões quísticas são comummente observadas na prática clínica, correspondendo a larga maioria a quistos radiculares e dentígeros. Podem ser especialmente prejudiciais na idade da dentição mista e crescimento maxilofacial, podendo provocar deformidade facial, alterações na erupção dentária, e desalinhamento dentário na criança ou adolescente. A modalidade de tratamento é igualmente importante, sendo ideal optar por tratamentos conservadores, como demonstra o seguinte caso, gerido através de descompressão quística. Descrição do caso clínico: Uma criança do sexo masculino, de 11 anos de idade, sem antecedentes patológicos, foi referenciada à consulta devido a atraso na erupção do dente canino inferior direito, com lesão radiolucente associada, identificada em ortopantomografia. Apresentava persistência de dente canino decíduo, e expansão discreta da cortical óssea vestibular, na região canina da mandíbula direita. Não apresentava sinais inflamatórios locais nem alterações sensitivas da face. Com o intuito de tratamento conservador, e de permitir a erupção do dente definitivo, foi proposta descompressão quística. Sob anestesia local, foi realizada exodontia do canino decíduo, seguida de acesso à parede quística através do respectivo alvéolo. Foi então efectuada uma pequena quistotomia, e colocado um tubo plástico a conectar o lúmen do quisto com a cavidade oral, fixo com sutura à gengiva. O procedimento foi bem tolerado pela criança. A mãe foi ensinada a irrigar diariamente o quisto com soro fisiológico através do tubo. Foi recomendada colocação de aparelho ortodôntico para alinhamento e manutenção de espaço, que a mãe optou por realizar noutra clínica próxima da área de residência. Durante o seguimento, verificou-se diminuição gradual das dimensões do quisto, e progressão lenta do canino, com o início da erupção aos 12 meses após descompressão. Discussão e conclusões: Este caso demonstra a exequibilidade de técnicas menos invasivas para tratamento de lesões quísticas dos maxilares, nomeadamente quistos dentígeros, especialmente úteis em crianças/adolescentes. Outra alternativa seria a marsupialização, consistindo na sutura da parede interna do quisto à mucosa oral. Geralmente, tanto um como outro método são seguidos de enucleação da lesão, havendo no entanto casos descritos de resolução completa com a descompressão isoladamente. De realçar a importância da colaboração do doente para manter este tipo de tratamento prolongado.